quinta-feira, 28 de maio de 2009

RONALDO BARATA – Lealdade não correspondida

Significativamente, a ficha de filiação de Ronaldo Barata no PSDB é a de número três, do que muito ele se orgulhava e que o fez rejeitar, sempre, a idéia de vir a ser candidato a deputado por alguma legenda nanica, capaz de viabilizar sua eleição. Assim, carregou consigo o estigma que marcou o partido em seus primórdios - ter muito charme e poucos votos. De resto, manteve-se fiel ao PSDB e mais particularmente ao ex-governador Almir Gabriel, a despeito deste nem sempre ter correspondido a lealdade do seu fiel escudeiro, discreto senhor de alguns dos grandes segredos da política paraense.
Segundo a máxima célebre, aos homens sobrevive o mal que eventualmente possam ter feito, mas o bem é com seus ossos enterrados. Se assim for, em se tratando de Ronaldo Barata é justo subverter essa máxima, e guardar a imagem do homem que se notabilizou não apenas pelo seu perfil intelectual, mas também por uma bonomia que às vezes ficava no estreito limite que separa a generosidade da irresponsabilidade. Dele convém guardar, sobretudo, o exemplo de que fez política na presunção de servir ao Pará e não se servir do poder, tanto que morreu pobre, sem lamentar ter descartado as concessões capazes de garantir uma velhice bem mais tranquila.
Descanse em paz, é o que se pode dizer, diante da triste cerimônia do adeus de Ronaldo Barata.

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