terça-feira, 15 de dezembro de 2009

2010 – O déjà-vu tucano

Almir Gabriel também lançou mão da ética da conveniência em 1998, quando foi reeleito governador, derrotando o ex-governador Jader Barbalho (PMDB), que foi seu patrono político em 1986, quando conseguiu elegê-lo senador. Na campanha de 1998, ele esgrimiu um discurso ético, estigmatizando com a pecha de corrupto seu adversário de então e ex-patrono político da véspera.
O que Almir Gabriel jamais disse foi que, até o prazo final para coligações, tentara desesperadamente uma composição com os ex-governadores Jader Barbalho e Hélio Gueiros, candidatos do PMDB ao governo e ao Senado, respectivamente. Ele até chegou a oferecer a Jader Barbalho, em troca do apoio deste, R$ 10 milhões para a campanha do PMDB. Isso foi revelado por Jader Barbalho, diante de um Almir Gabriel lívido e silente, no derradeiro debate entre os dois candidatos ao governo, promovido pela TV Globo, da qual é afiliada no Pará a TV Liberal. Esta integra o grupo de comunicação da família Maiorana, inimiga figadal dos Barbalho e, em particular, de Jader Barbalho.
No debate, Jader Barbalho acuou Almir Gabriel, com o qual foi implacável. “Olha, Almir, eu até pensava em te convidar para ser novamente o meu secretário de Saúde, mas desisto. Mudei de idéia!”, fulminou o ex-governador peemedebista, diante de um Almir Gabriel aparvalhado. Somente na suspeita aferição de Orly Bezerra, na época o marketeiro-mor do PSDB paraense, Almir Gabriel venceu o debate. Mas lançar mão de supostas pesquisas, indicando a vitória nos debates dos candidatos aos quais assessora, é um truque recorrente de Orly Bezerra, como hoje se sabe. Isso se deu também, por exemplo, com a candidata do DEM à Prefeitura de Belém em 2008, a ex-vice-governadora Valéria Vinagre Pires Franco, que sequer disputou o segundo turno.
Seja como for, Almir Gabriel venceu a disputa, por uma pequena margem de votos, em uma campanha pontuada por recorrentes denúncias de utilização da máquina administrativa estadual em favor do candidato tucano. A campanha da reeleição de Almir Gabriel foi uma das mais ricas já registradas no Pará, o que despertou a suspeita - ainda que sem provas documentais ou testemunhais - de que recursos obtidos com a privatização da Celpa, as Centrais Elétricas do Pará, tenham sido desviados para bancar a gastança que pavimentou o caminho do então governador tucano para um segundo mandato consecutivo.

Nenhum comentário :