terça-feira, 24 de agosto de 2010

GETÚLIO – O desafio dos matizes

Se qualquer ditadura é terreno fértil para o maniqueísmo do bem e do mal, a democracia impõe a convivência com um variado leque de matizes. E, assim, o desafio de respeitar as diferenças e as minorias, condição sine qua non para o pluralismo, essência da democracia.
Sob essa perspectiva, poucos personagens da nossa história são tão controvertidos quanto Getúlio Vargas. Do execrável ditador a presidente eleito, ele empolgou as massas, na esteira dos avanços sociais por ele patrocinados. A despeito de seu viés autoritário, o governo Vargas contemplou um extenso elenco de direitos sociais e trabalhistas. Avanços que culminaram com a criação da CLT, a Consolidação das Leis Trabalhistas, em 1943. Dentre esses avanços se inclui a criação do salário mínimo que, embora instituído em 1938, só passou a vigorar, efetivamente, a partir de 1º de maio de 1940, quando entrou em vigor com valores diferenciados entre os Estados brasileiros. Somente em maio de 1984 o valor do salário mínimo foi padronizado, passando a ser igual em todo o País.
Controvertido, em Getúlio Vargas conviveram desde um ditador repulsivo a um presidente legitimado pelo voto e sensível a questões sociais. Mas não convém divinizá-lo, diante do execrável assassinato de Olga Benário (na foto, com Carlos Prestes), que ele coonestou covardemente, ao entregá-la aos nazistas. Alemã e comunista, Olga Benário foi a primeira mulher do lendário Carlos Prestes, o líder comunista brasileiro, que comandou a Coluna Prestes, antes de ser cooptado pelo PCB, o Partido Comunista Brasileiro. A Coluna Prestes foi um movimento político-militar que se estendeu de 1925 a 1927, inspirado pelo tenentismo e com uma agenda difusa, que embutia exigência do voto secreto, defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino primário para toda população.

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