segunda-feira, 23 de agosto de 2010

TABAJARA – Um súbito e suspeito legalismo

Abstraindo as razões do ponto de vista estritamente legal, é inevitável associar a decisão da Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações, em tirar do ar a rádio Tabajara FM a representação da coligação Acelera Pará contra a emissora, diante das críticas feitas a governadora petista Ana Júlia Carepa (foto). Na representação formulada ao TRE, o Tribunal Regional Eleitoral, a coligação, capitaneada pelo PT e pela qual Ana Júlia Carepa é candidata a reeleição, pretende que a emissora seja multada, por criticar o discutível aluguel de 450 carros de passeios pela Polícia Militar, no programa Jogo Aberto, apresentado pelos jornalistas Carlos Mendes e Francisco Sidou. As críticas, alegam os prepostos dos petralhas, favoreceriam os adversários da governadora-candidata, na sucessão estadual.
O que torna suspeita a iniciativa da Anatel é o súbito legalismo coincidir com a representação da coligação Acelera Pará contra a rádio Tabajara FM, diante das críticas feitas a governadora Ana Júlia Carepa no programa Jogo Aberto, a principal atração da emissora, que está no ar, sem amparo legal, há mais de dois anos. Críticas que Mendes também fez em matérias produzidas para os jornais O Estado de S. Paulo, do qual é correspondente, e Diário do Pará, do qual é repórter especial. O Diário do Pará é o jornal do grupo de comunicação do ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará, pelo qual é novamente candidato ao Senado. Ana Júlia Carepa mantém uma relação ambivalente com Jader Barbalho, permeada por ressentimentos mútuos, após tê-lo como seu estrategista eleitoral em 2006, quando o PMDB foi decisivo para sua vitória sobre o ex-governador Almir Gabriel, o então candidato do PSDB.
Mas Ana Júlia Carepa, a despeito de solenemente ignorada desde algum tempo por Jader Barbalho, pretende contar com seu apoio no segundo turno, na presunção deste vir a ser por ela disputado contra o candidato do PSDB, o ex-governador Simão Jatene. O PMDB tem como candidato ao governo o deputado Domingos Juvenil, o jurássico presidente da Assembléia Legislativa, eleitoralmente opaco e por isso tido e havido como um laranja, cujo papel é valorizar o papel de Jader Barbalho como, mais uma vez, o fiel da balança na sucessão estadual, tal qual ocorreu em 2002 e 2006. Por sua influência no Congresso Nacional, e também pelo seu prestígio eleitoral no Pará, ele perdura sendo um interlocutor privilegiado do Palácio do Planalto, a despeito de suas rusgas com a petista Ana Júlia Carepa, que nos bastidores é menosprezada pelo presidente Lula.

Nenhum comentário :