sexta-feira, 29 de outubro de 2010

FICHA LIMPA – Adesão incondicional

BLOG – Contratempo impede atualização

Um contratempo doméstico, felizmente já resolvido, impediu-me de atualizar o blog nesta última quinta-feira, 28. Quando tive disponibilidade para tanto já estávamos a uma hora do derradeiro debate entre a governadora petista Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição, e o ex-governador tucano Simão Jatene, que postula um novo mandato.
Optei, assim, para só fazer a atualização, ainda que parcial, já na madrugada desta sexta-feira, 29. Pretendo arrematá-la ainda durante a manhã de hoje.

SUCESSÃO – Ana x Jatene, no último debate

O derradeiro debate entre a governadora petista Ana Júlia Carepa e o ex-governador tucano Simão Jatene, promovido pela TV Liberal, afiliada da Rede Globo de Televisão no Estado, não acrescentou nenhuma novidade mais relevante aos confrontos anteriores entre os dois candidatos ao governo do Pará. Embora aparentemente tensa, o que decorreria da suposta hospitalização do pai, a governadora novamente não se deixou intimidar pelo adversário, a despeito da desenvoltura dele como orador e pelo maior domínio em matéria de palco, herança dos seus tempos de cantor.
Em realidade, Ana Júlia foi quem, mais de uma vez, encurralou Jatene, ao qual restou tergiversar, sem responder objetivamente ao questionamento feito, como no caso do sucateamento da segurança pública em sua passagem pelo governo estadual. Ou a pura e simplesmente mentir, tal qual fez ao repetir a balela que inaugurou, completamente equipados, os hospitais regionais.

SUCESSÃO – Candidato tucano fica desnorteado

Mas o momento de maior constrangimento para Simão Jatene foi ser indagado, por Ana Júlia Carepa, sobre a construção de 40 mil casas populares pela Vale, que ele trombeteara na mídia, como compensação pela empresa privar o Pará do pólo siderúrgico, que deveria ser destinado ao Maranhão. Coube a Ana Júlia, via presidente Lula, resgatar para o Pará a instalação do pólo siderúrgico. Como um boxeur atordoado com o petardo do adversário, Jatene voltou a ter o seu momento de Rolando Lero, o histriônico personagem que o talento do ator Mário Cardoso, já falecido, tornou célebre.
Seja como for, ao fim e ao cabo a sucessão de debates entre os dois candidatos ao governo do Pará evidenciou a ambigüidade de ambos, diante de temas que lhe são eventualmente constrangedores. E a falta de consistência de muitas das promessas esgrimidas, que possivelmente não serão cumpridas por aquele que for eleito.

FICHA LIMPA – Suprema iniqüidade

O ordenamento jurídico democrático é lastreado por princípios e, por isso, nele prevalece, ou pelo menos deve prevalecer, a impessoalidade. A lei, pautada por conveniências circunstanciais, fica para os regimes de exceção. Daí a iniqüidade da postura do STF, o Supremo Tribunal Federal, ao se manter silente diante da controvérsia sobre a constitucionalidade de alguns dispositivos embutidos na lei complementar 135/10, a Lei da Ficha Limpa. Exatamente a lei na esteira da qual o STF barrou a candidatura ao Senado do deputado federal Jader Barbalho (PMDB/PA) (foto), ao votar pela sua aplicação imediata, endossando o entendimento do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral.
Não cabe, aqui, discutir os antecedentes de Jader Barbalho, indiscutivelmente notabilizado pela leniência para com a lassidão moral, no rastro de um pragmatismo político que privilegia suas conveniências eleitorais, favorecendo os predadores do erário e da própria democracia, ao alimentar a descrença nesta, por parcela do eleitorado. A inspiração da lei não poderia ser mais nobre, ao pretender estimular uma faxina ética, capaz de inibir a tradição histórica de impunidade que pavimenta a perpetuação de oligarquias e das mazelas delas decorrentes, em detrimento dos interesses das massas carentes de tudo, sobretudo de justiça social.
O assustador é ver o STF, suposto guardião da Constituição, coonestar o caráter retroativo da Lei da Ficha Limpa, que ofende claramente os postulados democráticos, ainda que contemple o imediatismo das massas, que frequentemente se confunde com o rito sumário próprio dos regimes de exceção. Afronta-se um dos mais caros postulados da democracia, a pretexto de defendê-la, no que se configura um casuísmo próprio dos regimes de exceção. É chocante, para dizer o mínimo, ver o Supremo se ater não a princípios solidamente estabelecidos, para ficar a reboque da ira popular.
Reitero o que já escrevi neste blog, ao comentar as controvérsias em torno da Lei da Ficha Limpa. Repito que é importante e saudável que o Legislativo e o Judiciário estejam em sintonia com as vozes das ruas. Mas os legisladores, tanto quanto os magistrados, não podem ficar a reboque do emocionalismo popular. Deles se espera, prioritariamente, um compromisso inarredável com as leis, um mínimo de equilíbrio, senso de justiça e de proporcionalidade. Se assim não for, acabaremos sob o risco de resvalarmos para o voluntarismo próprio dos regimes discricionários.

FICHA LIMPA – O ato e o fato

Recorde-se que Jader Barbalho foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter renunciado ao mandato de senador, em 2001, para escapar de ter o seu mandato cassado por quebra do decoro parlamentar, diante das suspeitas de corrupção no Banpará, o Banco do Estado do Pará, e na Sudam, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia. Recorde-se também que tratavam-se de acusações que retroagiam ao seu passado e antecediam sua eleição para o Senado em 1994. Estava-se diante de um julgamento político sumário, com desfecho previsível, porque com origem na disputa pela presidência do Senado, na qual Jader Barbalho derrotara, de forma implacável, o até então todo-poderoso ACM, Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA), já falecido. ACM foi o babalorixá da política baiana e era tido e havido como um adversário temível, porque trunculento, rancoroso e despido de escrúpulos.
Para piorar, ACM acabou compelido a renunciar ao mandato, para não ser cassado, por conta da violação do painel eletrônico do Senado, quebrando assim o sigilo do voto dos senadores. Com a porteira escancarada, Jader Barbalho foi a bola da vez. A ele se seguiria o então senador Luiz Otávio Campos, o Pepeca, também do PMDB do Pará, mas na época notório desafeto de Jader e protagonista confesso de uma colossal falcatrua. O estaleiro do qual era sócio embolsou algo em torno de R$ 11 milhões do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para a construção de balsas, que jamais foram entregues. A despeito de todas as evidência que contra ele conspiravam e sugeriam inevitável sua cassação, Pepeca acabou poupado, a pretexto de resguardar o Senado de um desgaste de conseqüências imprevisíveis. O episódio evidencia a retaliação embutida no linchamento político de Jader, com o qual se reconciliou Pepeca em 2006, quando tentou ser reeleito senador, sem sucesso.

FICHA LIMPA – Palanque midiático

Não por acaso, a súbita evolução patrimonial de Jader Barbalho foi, na época, tema de matérias nas duas mais importantes revistas da imprensa brasileira – a Época, da Editora Globo, e a Veja, da Editora Abril e a quarta em tiragem do mundo no seu gênero. Além das mesmas sete páginas, a Veja teve como capa Jader Barbalho, a quem a revista dedicou a Carta ao Leitor. “Pelo menos sete milhões de brasileiros, leitores das duas revistas, tiveram acesso às reportagens. É 20% mais do que toda a população do Pará”, assinala a propósito o jornalista Lúcio Flávio Pinto, editor solitário do Jornal Pessoal, a mais longeva publicação da imprensa alternativa brasileira e, historicamente, um crítico implacável de Jader.
“O fato é raro na história da imprensa brasileira. Quando um concorrente sai na frente com uma matéria forte, como fez Época, a matéria do outro concorrente costuma cair, conforme o jargão das redações. Indiferentemente, porém, ao destaque dado ao tema uma semana antes na revista da Editora Globo, Veja manteve o seu petardo jornalístico na semana imediata”, acentua Lúcio Flávio. “Sua maior novidade foi ter feito a atualização do patrimônio. Época acatou o valor que Jader declarou à receita federal, de 2,6 milhões de reais. Mas Veja, ouvindo especialistas na matéria, corrigiu os valores históricos (ou seja, da época da primeira incorporação à declaração de rendimentos) e chegou a um patrimônio 10 vezes maior, de quase 30 milhões de reais (mas que teria chegado, em 1995, a quase 38 milhões de reais)”, acrescenta.
Segundo a versão corrente nos bastidores peemedebistas, na época, ambas as matérias teriam sido pagas, embora sem a caracterização de informe publicitário, por encomenda da Propeg, agência de propaganda com sede em Salvador. Na ocasião a Propeg atendia ao governo da Bahia, então feudo de ACM. Na ocasião, o PMDB, de Jader Barbalho, e o PFL (do qual é sucedâneo o DEM), de ACM, disputavam espaço no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

FICHA LIMPA – Manipulações de bastidores

Os vícios de origem dos quais padece a Lei da Ficha Limpa foram escancaradas pelo juiz Marlon Reis, presidente da Abramppe, a Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais. Ele foi um dos coordenadores do MCCE, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, que liderou a coleta de assinaturas para apresentação do projeto que resultou na lei. Em entrevista ao site Congresso em Foco (http://www.congressoemfoco.ig.com.br/ ), Reis revelou que a proposta de a proposta de tornar inelegíveis os parlamentares que são réus em ações penais desviou a atenção dos congressistas. Assim, conta o presidente da Abramppe, os parlamentares permitiram que fosse ampliado de três para oito anos o período de inelegibilidade e que a renúncia também fosse considerada motivo para o carimbo de ficha suja.
A entrevista com Reis pode ser acessada no endereço eletrônico abaixo:

http://congressoemfoco.uol.com.br/noticia.asp?cod_canal=21&cod_publicacao=34340 .

A matéria do Congresso em Foco é reveladora das manipulações das quais resultaram as aberrações contidas na Lei da Ficha Limpa, com destaque para o seu caráter retroativo. O absurdo é tanto e tamanho, que a inelegibilidade, dentro do que determinada a lei, conta a partir do término do mandato do parlamentar que tenha renunciado para driblar o risco da cassação. No caso de Jader, por exemplo, cujo mandato como senador se estendia de fevereiro de 1995 a fevereiro de 2003, a inelegibilidade abrange o período que vai de fevereiro de 2003 a fevereiro de 2011. Nesse período, o ex-governador, que é também o morubixaba do PMDB no Pará, exerceu dois mandatos consecutivos de deputado federal, o primeiro dos quais de fevereiro de 2003 a fevereiro de 2007, e o segundo, iniciado em fevereiro de 2007 e cujo término se dará em fevereiro de 2011. Tudo com o aval da Justiça Eleitoral, Estadual e Federal. Diante disso, a pergunta que não quer calar, à espera de uma resposta efetivamente convincente: qual, afinal, o prazo de inelegibilidade imposto a Jader pela Lei da Ficha Limpa, considerando que no período dos oitos anos subseqüentes ao término do seu mandato de senador, ele exerceu dois mandatos consecutivos de deputado federal?
Vamos e convenhamos: mais kafkaniano, impossível! Ou não?

FICHA LIMPA – Perigoso precedente

O temor que a situação suscita é procedente.
A reboque do suposto clamor popular atropela-se a Constituição, o bom senso, o equilíbrio, a noção de justiça, a pretexto de uma faxina ética, em tese para lá de louvável.
Hoje, o alvo da iniqüidade é Jader Barbalho. E amanhã?
É bom não esquecer o recente e repulsivo episódio da censura prévia imposta ao jornal O Estado de S. Paulo por uma instância menor do Judiciário, para atender os interesses espúrios da oligarquia dos Sarney. Estes parecem tomar o Brasil como se o País fosse uma extensão do Maranhão, que aparentemente entendem como sua capitania hereditária. Uma aberração, porque na mais absoluta contramão do princípio constitucional que proíbe, terminantemente, a censura. Uma ignomínia materializada e que prosperou sob o silêncio cúmplice do mesmo STF.
Tudo isso faz lembrar a preocupação externada pelo primeiro presidente da ditadura militar, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, já falecido. Com pudores éticos, mas também preocupado em não dividir as Forças Armadas, ao condescender em assinar o segundo Ato Institucional por ele subscrito, Castelo Branco fez um desabafo premonitório. “A minha preocupação é com o guarda da esquina”, confidenciou.
Lamentavelmente, a história, como bem sabemos, deu razão a Castelo Branco. De concessão em concessão, o País desembocou no AI-5, o famigerado Ato Institucional nº 5, o abre-alas dos anos de chumbo, de terríveis lembranças.

FICHA LIMPA – Austeridade de conveniência

O patético, em todo esse imbróglio, é a austeridade de conveniência de boa parte dos críticos ácidos e circunstanciais de Jader Barbalho. O que não justifica, obviamente, pretender conceder-lhe, a priori, remissão, diante das suspeitas de corrupção que o acompanham. Alegar precedentes, para justificar ilícitos, é a lógica dos bandidos. repita-se. Mas, particularmente no Pará, faltam réus no banco pelo qual acabou de passar o ex-governador, o morubixaba do PMDB no Estado.
As principais lideranças políticas da história recente do Pará, com as exceções que confirmam a regra, já tiveram Jader como patrono político e/ou aliado eleitoral, sem fazer qualquer objeção às suspeitas de corrupção que acabaram por aderir à imagem do ex-governador, a mais longeva liderança política da história do Estado. Esse elenco inclui da governadora petista Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição, ao ex-governador tucano Simão Jatene, o candidato ao governo pelo PSDB ao governo do Pará, passando pelos ex-governadores Hélio Gueiros e Almir Gabriel, este hoje rompido com a tucanalha. A maioria deles, quando desavindos com Jader, estigmatizaram-no, aberta ou veladamente, como a quinta-essência do mal. Incluso Simão Jatene, que agora tem o aval daquele ao qual a tucanalha, quando no poder, satanizava como Anhanga.
Quanto aos Maiorana, inimigos figadais de Jader, sabem até os postes desta terra sobre suas reais motivações. O que estimula a oposição implacável ao morubixaba do PMDB no Pará pelas ORM, as Organizações Romulo Maiorana, é ter como rival, na disputa pelo mercado, o grupo de comunicação da família do ex-governador. O grupo de comunicação dos Barbalho inclui o jornal Diário do Pará, hoje o líder em vendagem no Estado, depois que seu concorrente direto, O Liberal, o principal jornal das ORM, foi flagrado pelo respeitado IVC, o Instituto Verificador de Circulação, fraudando os números que lhe conferiam a suposta liderança no mercado. Para driblar o constrangimento de uma auditoria, O Liberal se desfiliou do IVC, ao qual é hoje filiado o Diário do Pará. As rádios, AM e FM, do grupo de comunicação dos Barbalho, também são líderes de audiência. Aos Maiorana resta a colossal liderança da TV Globo, da qual é afiliada a TV Liberal.
De resto, moralidade pública não é o forte dos Maiorana, como evidencia o episódio do simulacro de convênio da TV Liberal com a Funtelpa, a Fundação de Telecomunicações do Pará, que se estendeu por 10 anos, de 1996 a 2006, sendo sucessivamente renovado pelos governos Almir Gabriel e Simão Jatene. Pelo simulacro de convênio, assim etiquetado para driblar a necessidade de concorrência pública, a Funtelpa não só cedia sua rede de repetidoras, para levar a programação da TV Globo para o interior do Estado, como ainda pagava uma mensalidade à TV Liberal. De 1996 a 2006, o Estado transferiu aos cofres da TV Liberal R$ 50 milhões, em valores corrigidos.

FICHA LIMPA – O amargo day after

Barrada a candidatura de Jader Barbalho ao Senado, que mesmo sub judice obteve quase 1,8 milhão de votos, perdura a pergunta que não quer calar: qual o destino político daquele que é a mais longeva liderança política da história do Pará? O cenário, afinal, não poderia ser mais adverso. Serão quatro anos sem mandato, no pressuposto que a possibilidade de sair candidato a vereador por Belém, em 2012, está descartada, porque fatalmente soaria humilhante para um político de seu status. Com o agravante de que daqui a dois anos, em 2012, seu filho e presumível herdeiro político, Helder Barbalho, conclui seu mandato como prefeito de Ananindeua e não exibe o carisma do pai. Com 66 anos, embora conservado para a idade, daqui a quatro anos ele estará com 70 anos e já crepuscular.
Até então, Jader só ficara sem mandato, por tão longo período, entre 15 de março de 1967, quando passou o governo a Hélio Gueiros, a quem fez seu sucessor, e 1º de janeiro de 1991, quando foi empossado pela segunda vez governador, após derrotar o empresário e ex-prefeito de Belém Sahid Xerfan, então no PTB. Mas nesse meio tempo a conjuntura não poderia ser mais favorável. Com a morte do ex-ministro Marcos Freire, em um acidente aéreo, Jader tornou-se ministro da Reforma Agrária do presidente José Sarney. Depois, migrou para o Ministério da Previdência Social. Sagaz, de Brasília, e como ordenador de despesas, ele neutralizou a tentativa de Gueiros em alijá-lo da sucessão estadual. Rompidos, Jader e Gueiros foram protagonistas de uma das mais virulentas campanhas eleitorais da história do Pará, em uma disputa que o morubixaba do PMDB no Pará venceu por minguada vantagem de votos.
No atual cenário, aparentemente não há perspectiva de Jader ganhar espaço em um eventual governo Dilma Rousseff. Como todo líder personalista, não existe, no âmbito do PMDB, nenhuma incipiente liderança da qual possa se valer. E como lastreou sua ascendência no pragmatismo fisiológico, fica a interrogação se conseguirá manter a fidelidade de suas bases municipais e de parcela da bancada do PMDB na Assembléia Legislativa do Pará que em tese lhe seria fiel.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

FICHA LIMPA – STF endossa TSE e barra Jader

Coube ao ministro Celso de Mello resolver o impasse com o qual voltou a se deparar o STF, o Supremo Tribunal Federal, e rever seu voto, contra a validade da Ficha Limpa, com o qual acompanhara os votos de José Antonio Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Cezar Peluso. Com isso, o STF manteve a decisão do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, que barrou a candidatura de Jader Barbalho (PMDB-PA) ao Senado, quando considerou a Lei da Ficha Limpa constitucional e válida para este ano.
Quando os ministros começaram a discutir como solucionar o caso, Celso de Mello pediu a palavra e sugeriu manter a decisão do TSE, por conta do empate em 5 a 5. Ele citou artigo 205 do regimento interno do STF, que diz: "havendo votado todos os ministros, salvo os impedidos ou licenciados por período remanescente superior a três meses, prevalecerá o ato impugnado". Até então, a favor da aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa, haviam votado os ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski e Ellen Gracie.

FICHA LIMPA – Novo empate no Supremo

Manteve-se o impasse no STF, o Supremo Tribunal Federal, em torno da aplicação imediata da Ficha Limpa, na esteira do julgamento do recurso do deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA), cuja candidatura ao Senado foi barrada pelo TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa. Jader Barbalho foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa pelo TSE por ter renunciado ao mandato de senador em 2001, para driblar o risco de cassação, sob a acusação de envolvimento nos desvios de recursos da Sudam, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Os ministros do STF discutem, agora, como desempatar o julgamento.
Nas eleições de 3 de outubro, Jader Barbalho – com a candidatura sub judice - obteve 1.700.000 votos.
Votaram contra a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa os ministros Cezar Peluso, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Ficaram a favor da aplicação imediata da lei os ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Ellen Gracie. O STF é formado por 11 ministros. No entanto, desde a aposentadoria do ministro Eros Grau, uma vaga permanece aberta, à espera da indicação de um nome pelo presidente Lula.

FICHA LIMPA – Voto do relator é adverso a Jader

De acordo com O Globo online, o ministro do STF, o Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, acabou de ler seu voto pelo desprovimento do recurso extraordinário de Jader Barbalho (PMDB-PA) (foto) contra a Lei da Ficha Limpa. É a mesma posição que adotou em setembro no recurso do então candidato ao governo do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC). Joaquim Barbosa destacou a importância da lei para proteger a moralidade de probidade da coisa pública. Ele refutou o argumento da defesa de que o lei fere o princípio da anualidade, que determina a aprovação de uma nova lei alterando o processo eleitoral com pelo menos um ano de antecedência. O ministro lembrou que em junho, quando foi aprovada, a escolha dos candidatos ainda não havia sido formalidade.
Barbosa também refutou, acrescenta O Globo online, o argumento de que lei fere o princípio da irretroatividade da lei, segundo o qual a lei não pode se estender a fatos ocorridos antes de sua aprovação. Para Barbosa, a renúncia de Jader, no entanto, não tem natureza penal e, por isso, não lhe é aplicável tal princípio. O ministro também diz a Constituição tem implícito o repúdio a artifícios usados para burlar a apuração de irregularidades, como foi a renúncia.

PETRALHAS – O grande mentiroso

BLOG - Problema de conexão

Por conta de problemas de conexão acabei impedido de fazer a atualização do blog nesta última terça-feira, 26.
Conto, como sempre, com a compreensão dos internautas.

SUCESSÃO – A traição de Bengtson e caterva

Nada pior do que a mediocridade, porque ela é absolutamente incapaz de enxergar algo além de si mesma. Que o digam os petralhas de Ana Júlia Carepa, a governadora petista que protagonizou uma administração desastrosa, na esteira da estultícia, política e administrativa, de sua entourage mais íntima, da qual acabou refém.
A evidência dessa estultícia é a traição dos pastores de má-fé da Igreja do Evangelho Quadrangular, comandados por Josué Bengtson (foto, à dir.), que é também deputado federal eleito pelo PTB. Após se alapardarem nas benesses do poder, juntamente com uma legião de apaniguados, a cinco dias da eleição eles formalizaram seu apoio à campanha do ex-governador tucano Simão Jatene. Formalizaram, repita-se, porque obviamente a traição já havia sido consumada a tempo de reverter votos a favor do candidato tucano.
Pelos antecedentes da escumalha da Igreja do Evangelho Quadrangular, tratava-se de uma traição anunciada. Aquele tipo de traição que é uma questão de calendário. Era fácil intuí-la, diante da vida pregressa da escória que tisna a imagem dos evangélicos de bem. São pastores que falam em Deus mas cultuam, mesmo, é o poder do vil metal. Por isso, por qualquer 30 dinheiros, pisam até no pescoço da mãe. Trata-se de gente que parece orar de véspera, em busca de remissão antecipada pelas iniqüidades e falcatruas que ainda irão cometer.

SUCESSÃO – A vida pregressa de Bengtson

O que é ilustrativo do jaez desses pastores cooptados pela tucanalha é a vida pregressa de Josué Bengtson, cuja evolução patrimonial se confunde com a disseminação da Igreja do Evangelho Quadrangular no Pará, suspeita de explorar a boa-fé de fiéis, que em sua maioria são humildes e intelectualmente chucros. A igreja é suspeita de valer-se da mercantilização da fé para pavimentar a prosperidade de seus líderes.
Na época deputado federal pelo PTB, Bengtson desistiu de disputar a reeleição em 2006, após ser flagrado envolvido com a máfia dos sanguessugas, um esquema de venda de ambulâncias superfaturadas para prefeituras. Por isso é acusado pelo Ministério Público Federal de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação. Segundo o Ministério Público Federal, Bengston não era um mero coadjuvante. Ele fazia parte do comando político da organização criminosa, “encarregando-se da elaboração de emendas orçamentárias que acabaram por destinar vultosos recursos públicos federais em proveito do esquema”.
Não convém menosprezar o potencial de periculosidade e truculência dos Bengtson. Recentemente o filho de Josué Bengtson, Marcos Willian Bengtson, foi preso pela Polícia Civil, acusado de ser o mandante da morte de José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé, membro do MST, ocorrida na fazenda Cambará, em Santa Luzia do Pará.

SUCESSÃO – A marmota de Puty, o Pacheco

A marmota, na esteira da qual os pastores de má-fé tomaram de assalto o Detran, o Departamento de Trânsito do Estado do Pará, em troca de um apoio que agora negam formalmente a Ana Júlia Carepa, se inclui no vasto leque de estripulias de Cláudio Alberto Castelo Branco Puty (foto). Este é também conhecido como Pacheco, em alusão ao personagem de Eça de Queiroz parco em realizações e pródigo em soberba.
Embora com um respeitável currículo acadêmico, Puty revelou-se um administrador inepto e um político desprovido do mais remoto resquício de escrúpulo. Primeiramente secretário de Governo, ele foi encarregado de uma reforma administrativa, originalmente destinada a cortar gorduras da máquina administrativa estadual. Constatou-se depois que, ao invés de enxugar, ele adicionou mais gorduras na máquina administrativa estadual. Posteriormente, ao assumir a Casa Civil, tornando-se o articulador político do governo, Puty levou ao paroxismo o desgaste político de Ana Júlia Carepa, ao atropelar a tudo e a todos, na determinação de eleger-se para a Câmara Federal. Um feito obtido mediante a acintosa utilização da máquina administrativa estadual, provocando a ira dos parlamentares e/ou candidatos de partidos coligados ao PT e até da sua própria legenda.

SUCESSÃO – Estripulias em série

Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, o Pacheco, integra a DS, a Democracia Socialista, facção do PT minoritária nacionalmente e no Pará, mas que comanda a máquina administrativa estadual porque da tendência faz parte a própria Ana Júlia Carepa. Mas seu poder, dizem, decorre de manter um affaire com a governadora. A possibilidade merece ser contemplada. Só a paixão arrebatadora e/ou os prazeres do sexo, aos quais costumam ser compulsivamente sensíveis as mulheres outonais solitárias, são capazes de explicar a leniência da governadora Ana Júlia Carepa para com as trapalhadas dos petralhas que compõem seu mais restrito círculo de auxiliares.
No melhor figurino dos burros cultos, de cultura meramente livresca, mas não reflexiva, Puty teve uma contribuição decisiva para os percentuais de rejeição amargados por Ana Júlia Carepa. Hoje, como desejava, está eleito deputado federal. Assim como o pastor Divino dos Santos foi eleito deputado estadual. O ônus pelas estripulias coube unicamente a Ana Júlia Carepa. Um fardo ao qual ela fez por merecer, diante de tão monumental estultícia.

SUCESSÃO – As sandices dos petralhas

Com uma desfaçatez jamais vista, o governo Ana Júlia Carepa perpetrou colossais sandices. Tal como utilizar a Escola de Governo como moeda de troca para obter o suposto apoio da Igreja Universal do Reino de Deus, cujo braço político no Pará é o PRB, o Partido Republicano Brasileiro, uma das legendas de aluguel. Foi assim que o pastor Divino dos Santos (foto) tornou-se o diretor geral da Escola de Governo, a despeito de exibir uma escolaridade que não ultrapassa o ensino fundamental. A Igreja Universal do Reino de Deus vem ser aquela do autoproclamado bispo Edir Macedo, o empresário de súbita evolução patrimonial, que hoje é o proprietário da Rede Record de Televisão. Ele é acusado de formação de quadrilha, evasão de divisas e lavagem de dinheiro sujo pelo Ministério Público de São Paulo.
Quanto aos pastores de má-fé da Igreja do Evangelho Quadrangular, coube-lhes, em troca do apoio à reeleição de Ana Júlia, o Detran, o Departamento de Trânsito do Estado do Pará, por sua própria natureza fonte de fartos recursos. Foi nomeado diretor geral da autarquia Alberto Campos, cuja realização mais notável foi infringir a lei para aquinhoar, com a carteira nacional de habilitação a nova diretora Administrativa e Financeira do órgão, Maria Denise da Silveira. A exemplo do próprio Alberto Campos, Maria Denise da Silveira é também pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular e, enquanto permaneceu permissionada, acumulou três infrações, duas das quais catalogadas como gravíssimas, somando um total de 18 pontos. Isso a impediria, pela lei, de obter a carteira nacional de habilitação. Mas, mesmo assim, Maria Denise da Silveira conseguiu a carteira, sob as bênçãos do então diretor geral do Detran.

ENTENDA – A caixa-preta da indústria da fé

Uma denúncia publicada pela Folha de S. Paulo foi elucidativa sobre as tramóias embutidas na disseminação de igrejas evangélicas, cujos pastores manipulam a massa de fiéis para pavimentar a própria prosperidade, como autênticos “empresários celestiais”, como bem definiu, certa vez, uma leitora do blog. A denúncia revela as benesses usufruídas pelos empresários da fé, tal qual Josué Bengtson e outros menos votados.
Fica-se sabendo que, por apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e em cinco dias úteis (não consecutivos), pode-se fundar uma igreja, do tipo da Igreja do Evangelho Quadrangular. “É tudo muito simples”, explicam os jornalistas da Folha de S. Paulo. “Não existem requisitos teológicos doutrinários para criar um culto religioso. Tampouco se exige número mínimo de fiéis”, acrescentam.

ENTENDA – Privilégios em cascata

Pela denúncia sabe-se que, registrada a igreja, com o CNPJ, o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, abre-se conta bancária e pode-se fazer aplicações financeiras isentas de IR, Imposto de Renda, e IOF, Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros. Fica-se sabendo ainda que, amparados pelo artigo 150 da Constituição, templos de qualquer culto são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda ou os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais são definidas pelos próprios criadores. Ou seja, os tempos são isentos de um vasto leque de tributos, tais como IPVA, IPTU, ISS e ITR, dentre outros.
Mas os privilégios em cascata não ficam por aí. “Há também vantagens extratributárias. Os templos são livres para se organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus sacerdotes”, relatam os jornalistas. Uma vez ungidos, os sacerdotes adquirem privilégios como a isenção do serviço militar e direito a prisão especial.

ENTENDA – Valhacouto da má-fé

Explica-se, assim, porque determinadas igrejas, como a do Evangelho Quadrangular e Universal do Reino de Deus, se constituem, em verdade, em valhacoutos da má-fé, cujos pastores, a pretexto de cultuar Deus, em realidade correm atrás, ávidos, de benesses terrenas. E, assim, pavimentam o tortuoso caminho que conduz à prosperidade construída à margem da ética.
Entende-se, assim, o porquê do jaez dos pastores cuja postura é frequentemente pontuada por ações e omissões indignas. Sem o menor resquício de pudor ético.

ENTENDA – Regalias são questionadas

“A discussão pública relevante aqui é se faz ou não sentido conceder tantas regalias a grupos religiosos. Não há dúvida de que a liberdade de culto é um direito a preservar de forma veemente. Trata-se, afinal, de uma extensão da liberdade de pensamento e de expressão. Sem elas, nem ao menos podemos falar em democracia”, assinala Hélio Schwartsman, articulista da Folha Online, que é bacharel em filosofia. O artigo de Schwartsman pode ser acessado no endereço eletrônico abaixo:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u660688.shtml

A propósito, Schwartsman questiona o privilégio. “Será que templos de fato precisam de proteções adicionais? Até acho que precisavam em eras já passadas, nas quais não era inverossímil que o Estado se aliasse à então religião oficial para asfixiar economicamente cultos rivais. Acredito, porém, que esse raciocínio não se aplique mais, de vez que já não existe no Brasil religião oficial e seria constitucionalmente impossível tributar um templo deixando o outro livre do gravame”, sublinha, didático e definitivo.

SUCESSÃO - Ana x Jatene, na versão petista

Clique no endereço eletrônico abaixo, para acessar a versão petista sobre as realizações do governo Ana Júlia Carepa cotejadas com o que foi feito na administração Simão Jatene.

http://www.anajulia13.com.br/infograficos/

SUCESSÃO – Concursados cobram posição

“Eles ignoram o assunto como se não lhes dissesse respeito!” O desabafo é de José Emílio Almeida, presidente da Asconpa, a Associação dos Concursados do Pará. Em tom ácido, ele critica a postura silentedos dois candidatos ao governo do Pará - a governadora petista Ana Júlia Carepa, que postula a reeleição, e o ex-governador tucano Simão Jatene, que pretende um novo mandato - em relação aos concursados que, classificados dentre do limite das vagas disponíveis, aguardam por nomeação.
O drama dos concursados está intimamente vinculada a dramática situação dos temporários. Ao longo dos sucessivos governos do PSDB no Pará, de 1995 a 2006, a tucanalha postergou, até a exaustão, a realização de concursos públicos, inchando a máquina administrativa com temporários. A farra de temporários foi tão grande, tão massiva, que Jatene, a partir da vitória de Ana Júlia Carepa, passou a exonerar diariamente, até o término de seu mandato, a legião de temporários e detentores de cargos comissionados. Foi a forma que o ex-governador tucano utilizou para tentar escamotear a extensão do empreguismo patrocinado por ele próprio e pelo seu antecessor e avalista político, o ex-governador Almir Gabriel.
Coube ao governo Ana Júlia Carepa promover uma série de concursos, contemplando a exigência do Ministério Público, que tanto a tucanalha procrastinou ao longo dos 12 anos de sucessivos governos do PSDB no Pará. Nem por isso os petralhas aboletados no Palácio dos Despachos abdicaram do empreguismo, naturalmente mirando em conveniências eleitoreiras.

SUCESSÃO – Bicudo declara voto em Serra

Um dos fundadores do PT e vice de Marta Suplicy (PT) na prefeitura de São Paulo (2001-2004), o jurista Hélio Bicudo (foto) declarou voto no tucano José Serra no segundo turno das disputa à Presidência da República. Na primeira rodada de votação, Bicudo havia apoiado Marina Silva, do PV, em detrimento da presidenciável petista Dilma Rousseff.
"Eu voto Serra no segundo turno porque não há escolha. O Serra é um homem competente, é um homem sério, eu nunca soube absolutamente nada contra o passado do Serra", afirma o jurista, em um vídeo que circula na internet.
Tido como um militante histórico pelos direitos humanos no país, o jurista justificou seu voto alegando que o "continuísmo" do PT no poder "não é democrático". "A alternância de poder é uma característica da democracia", disse. "Se nós deixarmos que a candidata Dilma vença, essas eleições, nós vamos ter aqui no Brasil um sistema mexicano", disse, em referência ao PRI, o Partido Revolucionário Institucional, que ficou no poder no México por 70 anos, até ser derrotado nas eleições de 2000. “Não precisamos de soberanos com pretensões paternas", assinalou, referindo-se ao presidente Lula.

SUCESSÃO – O vídeo com a declaração do jurista

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

PETRALHAS – A ceia da escumalha

SUCESSÃO – Ana Júlia amarga traição de Dudu

Decididamente, nada melhor que um dia depois do outro, com uma noite pelo meio, conforme ensina a sabedoria popular.
Que o diga a governadora petista Ana Júlia Carepa (foto, com o nefasto Dudu, à esq.), candidata à reeleição. De acordo com fontes do próprio PT, ela amarga a traição do prefeito de Belém, Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, acusado de não honrar o compromisso de apoiar a campanha pela reeleição da governadora.
Nas eleições municipais de 2008, recorde-se, Ana Júlia, por debaixo dos panos, turbinou a campanha pela reeleição do nefasto Dudu, em detrimento da candidatura do ex-deputado federal José Priante, do PMDB. O pretexto para a traição foi a suposta necessidade da governadora petista não ficar refém do ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará e seu ilustre estrategista eleitoral nas eleições de 2006, com o qual acabou por estabelecer uma relação ambivalente, de amor e ódio. Foi Jader Barbalho, diga-se, que tornou possível sua vitória sobre o ex-governador Almir Gabriel, o candidato do PSDB na disputa pelo governo do Pará.

SUCESSÃO – A rasteira em Priante

Convém lembrar ainda, a propósito, que José Priante (foto) foi vital para levar a disputa pelo governo do Pará em 2006 para o segundo turno, condição sine qua non para viabilizar a vitória de Ana Júlia Carepa e torná-la a primeira governadora eleita da história do Pará. Para tanto, Priante – que acaba de ser eleito o quarto deputado federal mais votado da bancada do Pará – abdicou de uma reeleição líquida e certa para a Câmara Federal.
A contrapartida de Priante, da parte de Ana Júlia Carepa, foi esta confiar-lhe a Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública, na partilha política da máquina administrativa estadual. Coube a ele, assim, indicar Halmélio Sobral, um competente e bem-sucedido médico paraense radicado em Brasília, secretário estadual de Saúde. Em pouco tempo, porém, Priante perdeu a Sespa, no rastro de suspeitas de corrupção envolvendo alguns de seus prepostos. Halmélio Sobral, embora avalizado por Priante, foi poupado e permaneceu no cargo, até pedir exoneração.
Depois disso, Priante ficou politicamente à deriva, submergindo no ostracismo, do qual ressurgiu em 2008, como candidato a prefeito de Belém, pelo PMDB. Com um desempenho surpreendente, ele superou a ex-vice-governadora Valéria Vinagre Pires Franco, do DEM, e o ex-deputado Mário Cardoso, do PT, e levou a eleição para o segundo turno, no qual foi derrotado pelo nefasto Dudu, para cuja reeleição muito contribuiu Ana Júlia Carepa, de acordo com a versão dos peemedebistas. Formalmente, ela se declarou eqüidistante, a pretexto de que PMDB e PTB faziam parte da base de sustentação do seu governo. Pelos próprios antecedentes do nefasto Dudu, o repasse de recursos à Prefeitura de Belém na reta final da disputa, pela governadora petista, sedimentou entre os peemedebistas a convicção do apoio, por debaixo dos panos, ao prefeito de Belém.

SUCESSÃO – Versão sobre empate técnico

Pelas próprias circunstâncias, propícias a factóides de ambos os candidatos, e pela parca credibilidade da maioria das pesquisas de intenção de voto realizadas até aqui e registradas na Justiça Eleitoral, a versão deve ser recebida, obviamente, com as indispensáveis reservas.
Segundo essa versão, que circula nos bastidores do PT desde a noite de sábado, 23, uma pesquisa do Vox Populi, destinada ao consumo interno do partido, teria registrado um empate técnico entre a governadora petista Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição, e o ex-governador tucano Simão Jatene, que postula um segundo mandato. Ainda segundo essa versão, hoje Jatene teria 48% das intenções de voto, contra 46% de Ana Júlia. A margem de erro da pesquisa é de 2%, para mais, ou para menos. O resultado configura o empate técnico.

SUCESSÃO – Vox Populi é posto sob suspeita

Com sede em Belo Horizonte, o Vox Populi foi posto sob suspeita de manipular as intenções de voto a favor de Dilma Rousseff, a candidata a presidente pelo PT, a qual o instituto atribuiu a vantagem de 12 pontos percentuais sobre o ex-governador paulista José Serra, o candidato à Presidência pelo PSDB. Na terça-feira, 19, o senador Sérgio Guerra (PE) (foto), presidente nacional do PSDB, questionou a última pesquisa do instituto sobre a disputa presidencial.
Segundo Guerra, o Vox Populi vem errando suas previsões desde o primeiro turno. "O Vox Populi não acertou nada. Enganou os brasileiros. Procurou interferir na vontade deles”, disparou. "É sem vergonha", fulminou o senador tucano, referindo-se à pesquisa.
Pesquisas divulgadas na semana passada também apontaram vantagem para Dilma Rousseff, embora em patamar menor. O Sensus indicou os dois candidatos no limite do empate técnico, com Dilma aparecendo com 46,8% das intenções de voto, contra 42,7% de Serra. O Ibope trouxe placar de 49% a 43%. E o Datafolha, de 47% a 41%.

SUCESSÃO – Petistas admitem disputa árdua

Petistas com acesso privilegiado aos bastidores da campanha de Ana Júlia Carepa apostam na reeleição da governadora, a despeito das vicissitudes enfrentadas. Como, por exemplo, a rejeição à candidata do partido. Mas admitem que a disputa se configura árdua.
O que emerge muito claramente, ainda que os petistas recalcitrem em verbalizar essa convicção, é a certeza de que Ana Júlia Carepa e Simão Jatene deverão protagonizar uma disputa eletrizante, feita voto a voto. Algo semelhante, presume-se, a eleição de 1990, quando o peemedebista Jader Barbalho elegeu-se novamente governador, ao derrotar o ex-prefeito de Belém Sahid Xerfan, do PTB, o candidato do então governador Hélio Gueiros. Na época, Gueiros rompera com Jader Barbalho, que ajudou a elegê-lo senador em 1982 e fez dele seu sucessor, em 1986.
Depois disso, Gueiros elegeu-se prefeito de Belém, em 1992, e contribuiu de forma decisiva, em 1994, para a eleição de Almir Gabriel, do PSDB, para governador, ao derrotar o ex-senador Jarbas Passarinho, candidato do PDS, com o apoio de parte do PMDB de Jader Barbalho. Este não conseguiu evitar a defecção de peemedebistas que, embora lhe fossem fiéis, eram adversários históricos de Jarbas Passarinho, na esteira do golpe militar de 1º de abril de 1964. Logo depois, Hélio Gueiros romperia com Almir Gabriel, ao se ver por este hostilizado na pessoa de seu filho Hélio Gueiros Júnior, o Helinho, vice-governador. Ao romper com Almir Gabriel, Gueiros reatou com Jader Barbalho, mas a despeito disso não conseguiu ser eleito senador em 1998. Nas eleições de 1998 Almir Gabriel foi reeleito governador, derrotando Jader Barbalho, na única derrota eleitoral deste, ocorrida em uma disputa permeada por recorrentes denúncias de abuso de poder econômico e escancarada utilização da máquina administrativa estadual pela tucanalha. A rica campanha de Almir Gabriel em 1998 reforçou as suspeitas de um suposto desvio de recursos obtidos com a privatização da Celpa, as Centrais Elétricas do Pará.

SUCESSÃO – Ceticismo sobre penúria tucana

Pelo menos parcela de parlamentares petistas – dentre deputados eleitos, ou reeleitos, ou ainda em fim de mandato – vê com ceticismo a ilação de acordo com a qual a suposta falta de recursos conspira contra a candidatura do ex-governador tucano Simão Jatene, nesta reta final de campanha. “Em função do que me foi dado ver, no primeiro turno, eu não creio nessa possibilidade”, declara, enfático, um dos ilustres petistas.
Esse mesmo petista revela-se convicto de que, por estratégia, aos tucanos convém alimentar esse tipo de ilação. “Eu não sei qual a origem dos recursos disponibilizados para a campanha, mas são fortes os indícios de que dinheiro não é problema para eles”, assinala. “O que eu creio é que eles, hoje, não disponham de recursos em abundância, tal qual ocorria quando estavam no poder”, acrescenta.

SUCESSÃO – Boataria sobre suposto BO

Mesmo intramuros, o assunto é apenas balbuciado entre as cabeças coroadas do PT, sempre em tom de mistério. O que acaba por sugerir tratar-se de uma tímida boataria. Seja como for, fica o registro.
O fato é que especula-se, nos bastidores da campanha, sobre a suposta existência de um BO, um Boletim de Ocorrência. O suposto BO, sussurram ainda fontes petistas, registraria um caso de violência doméstica envolvendo um tucano de farta plumagem. Coisa capaz, dizem, de tirar o sono de candidato a vestal. E de minar sólida reputação, acrescentam.

SUCESSÃO – A saúde e a carta aberta a Jatene

Reproduzo integralmente, abaixo, a carta aberta de um eleitor anônimo, preocupado com o tratamento que, na eventualidade de ser novamente eleito governador, o ex-governador tucano Simão Jatene (foto) pretenda destinar à saúde pública.

Carta aberta ao ex-governador

Dr. Simão Jatene,

Naquele dia que você sentiu fortes dores no peito e passou muito mal, imediatamente o primeiro desejo foi pegar um jatinho e voar para São Paulo, buscar atendimento num hospital com tecnologia de ponta e atendimento especializado; não foi? as suas chances de sobreviver ao mal súbito seriam melhores.

Mas a situação era delicada e você foi recomendado a ficar por aqui mesmo, sendo atendido no hospital H. P. D., há alguns anos estabelecido nesta capital e cujo dono tem investido dinheiro e dedicado muitos esforços num empreendimento com endereço fixo, referência para vários problemas de saúde. E assim você foi atendido e salvaram sua preciosa vida, tanto que, ao viajar depois para São Paulo, a turma de lá elogiou os procedimentos feitos aqui.

Tenha temor a Deus e humildade para admitir que jamais entraria num dos nossos hospitais públicos numa ocasião daquelas. Porque melhor do que ninguém você sabia que as suas chances seriam bem menores - ainda que na qualidade de ex-governador. Porque ao contrário dos donos do H.P.D., os donos do governo estadual costumam pulverizar os recursos da saúde pública com tudo aquilo que - acima de tudo - satisfaça os interesses politiqueiros, de caixa-2, de negociatas, etc, etc, etc.

Ao defender em seu programa eleitoral de 2010 o assim chamado "Presença VIVA" (VI de Vic e VA de Valéria), você está dando sinais que se eleito governador de novo, vai escancarar mais uma vez as portas da Sespa para os interesses políticos do casal, pior ainda, talvez renomeando o Dr. Dourado, para juntos novamente pulverizarem os recursos da saúde numa caravana proselitista político-eleitoral de atendimentos médicos ocasionais e aleatórios, descontínuos, sem capacitação para integralizar a assistência e o que é pior: só quando o carro passa.

Ponha-se no lugar da gente pobre e sofrida deste Estado, sentindo fortes dores no peito, sem dinheiro sequer para apanhar um táxi e procurando hospitais totalmente defasados, porque o dinheiro da saúde pública no Pará (e tome dinheiro!) foi empregado para montar a "caravana médica" dos políticos e o caríssimo suporte de mídia eleitoral. E nem cite números, porque aí então piora a sua situação e vão achar que Ana Júlia tem toda razão em dizer que você se preocupa com números e não com o povo.

domingo, 24 de outubro de 2010

PETRALHAS – O vale-tudo eleitoral

PETRALHAS – Fonte da sabedoria de Dilma

Ponto eletrônico, sinal de vida inteligente
entre os petralhas.

SUCESSÃO – Ana Júlia revida traição petebista

Segundo versão de bastidores, os luas pretas de Ana Júlia Carepa (foto) convenceram-na, enfim, a revidar a perfídia dos petebistas que migraram para a candidatura do ex-governador tucano Simão Jatene, embora com um vasto leque de apaniguados abrigados em cargos de confiança, os célebres DAS, em troca de apoio à governadora petista. Apoio que trataram de mandar às favas, diante de um cenário certamente adverso.
De acordo com essa mesma versão, uma leva de apaniguados dos petebistas trânsfugas foi sumariamente defenestrada dos cargos comissionados ocupados, como contrapartida ao apoio do PTB à campanha pela reeleição de Ana Júlia.
No Palácio dos Despachos a palavra de ordem, enfatizada como mantra, é olho por olho, dente por dente.

SUCESSÃO – A cara-de-pau de Júnior Ferrari

A versão coincide com o relato de uma fonte petista, a propósito do que denomina de “cara-de-pau” do deputado petebista Júnior Ferrari (foto), reeleito para um novo mandato na Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará.
Essa fonte conta que, ao se encontrar no Palácio Cabanagem com o deputado petista Carlos Bordalo, também reeleito, Júnior Ferrari queixou-se da retaliação do Palácio dos Despachos, a pretexto de que a adesão de lideranças do PTB ao candidato tucano seria apenas e tão-somente mise-en-scène.
No relato dessa fonte, embora sem se exaltar, Bordalo foi impiedosamente sarcástico. “Eu choro!”, disparou, simulando reclinar a cabeça no ombro de Júnior Ferrari. Não sem antes assinalar que o revide petista até demorou, porque a retaliação aos vira-casacas deveria ter ocorrido desde quando a bancada do PTB passou a votar contra o governo Ana Júlia Carepa.
Como o corporativismo parlamentar costuma se sobrepor a princípios éticos, o deputado do PTB não corre o risco de perder o mandato por conta da falta de decoro.

SUCESSÃO – Afinidades com a tucanalha

O deputado petebista Júnior Ferrari, diga-se, é historicamente íntimo da tucanalha. Daí a falta de credibilidade junto aos petralhas, na atual conjuntura.
No segundo mandato do ex-governador Almir Gabriel, então no PSDB, o parlamentar petebista, naquela altura sem mandato, foi abrigado na vice-governadoria, como assessor especial. Na época, até pelo menos fins de 1999, não havia registro de sua presença no Palácio dos Despachos.

SUCESSÃO – A saia justa do presidente do Centur

Diante desse cenário, não poderia ser mais desconfortável a saia justa de Gerson Araújo, presidente do Centur, o Centro Cultural Presidente Tancredo Neves.
Servidor de carreira da Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará, e notabilizado menos como administrador e mais pela condição de marido de Lucinha Bastos, a extraordinariamente talentosa cantora paraense, Gerson Araújo tem como avalista político Joaquim Passarinho. Atual líder do PTB na Alepa, Quinzinho acabou as eleições de 3 de outubro como suplente, com 30.195 votos. Apesar da expressiva votação, contra ele conspirou o coeficiente eleitoral.

OSTP – Sinfônica continua sob indiferença oficial

De mal a pior. Em off, naturalmente, para evitar retaliações, assim é definida a situação da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (foto) por alguns de seus próprios integrantes, de acordo com os quais o governo Ana Júlia Carepa frustrou as expectativas suscitadas, acabando por repetir, ainda que com atenuantes, a indiferença oficial da tucanalha.
Segundo a queixa generalizada, a orquestra existe de fato, mas não de direito, e a perspectiva do seu piso salarial atingir um patamar mais digno não materializou-se, apesar do aumento de 100% concedido pela governadora petista Ana Júlia Carepa em 2007, o primeiro ano do seu mandato. Na época, os músicos recebiam míseros R$ 600,00, o salário pago pelo governo Simão Jatene, do PSDB, e passaram a ganhar R$ 1.200,00 com o reajuste de 100% concedido pela administração Ana Júlia Carepa, do PT.
O compromisso de aumentos gradativos, até atingir um piso salarial minimamente decente, ficou na conta das promessas não cumpridas. Hoje, denunciam também músicos da orquestra, são frequentes os atrasos no pagamento dos salários e dissemina-se o clima de desalento, diante da falta de estímulos.

OSTP – A conversa fiada de Edilson Moura

Pelo menos para parcela dos músicos da Sinfônica do Theatro da Paz, muito contribuiu para a atual atmosfera de desalento a omissão do ex-secretário de Cultura, o ex-vereador de Belém Edilson Moura (foto, com Ana Júlia Carepa), que acaba de eleger-se deputado estadual pelo PT. “Edilson Moura foi só conversa fiada”, sentencia uma das fontes do blog, recordando que ele pouco ou nada fez para reverter a pasmaceira herdada da gestão de Paulo Chaves Fernandes, o PC, a quem sucedeu na Secult, a Secretaria de Estado de Cultura.
Na administração de PC, recordam os músicos da orquestra, a Sinfônica ficou sob o comando de Gilberto Chaves, na época diretor do Theatro da Paz, descrito como “um mero diletante” e avaliado como “um administrador notoriamente medíocre e indisfarçavelmente autocrático”. “Ele (Gilberto Chaves) tratava os músicos no chicote, impondo ainda um salário de fome, de míseros R$ 600,00”, confirma outro dos músicos. Foi Gilberto Chaves, recorda o músico, quem trouxe para Belém Matheus Araújo, um maestro definido como “temperamental, prepotente e de competência duvidosa”, que logo estabeleceu uma relação conflitiva com os músicos, o que muito conspirou contra a Sinfônica.

OSTP – O nhenhenhém do petralha

Edilson Mora, convém lembrar, integra a DS, a Democracia Socialista, a facção interna do PT, minoritária nacionalmente e no Pará, mas que comenda a máquina administrativa estadual porque dela faz parte a própria governadora Ana Júlia Carepa. Ele é identificado como um dos comparsas do iracundo Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, outra cabeça coroada da DS no Pará, que revelou-se um administrador medíocre e despido de pudores éticos. Eleito deputado federal, no rastro da mais acintosa utilização da máquina administrativa estadual, sobre ele é dito manter um affaire com a governadora, o que explicaria o despudorado aval de Ana Júlia à sua candidatura.
Parcela dos músicos da Sinfônica do Theatro da Paz observam que a aparente tolerância de Edilson Moura, diante das estripulias do maestro Matheus Araújo, deve-se não ao cuidado de evitar problemas de solução de continuidade, mas como um produto da sua indiferença, por ter como prioridade, em verdade, viabilizar sua eleição para deputado estadual. “Edilson Moura enrolou, enrolou e não deixou nenhuma marca significativa de sua passagem pela Secult”, desabafa um músico. “Sua preocupação concentrava-se, unicamente, na sua eleição”, acrescenta a fonte do blog.

OSTP – Enaldo: seis por meia dúzia

A exoneração de Matheus Araújo e sua substituição por Enaldo Oliveira (foto, à dir.), como maestro da Sinfônica do Theatro da Paz, acabou por representar, na avaliação dos músicos, trocar seis por meia dúzia. Nele registra-se, dizem, o clássico descompasso entre teoria e prática. Embora exiba um doutorado em Iowa, nos Estados Unidos, ele ainda está por convencer em matéria de competência, sentenciam alguns dos músicos. “Ter doutorado não se traduz, necessariamente, por competência. O sujeito pode ter doutorado, mas pode estar longe de exibir talento, de dominar as técnicas indispensáveis a sua função e ostentar um profundo conhecimento das obras, como se pode perceber nos ensaios”, fulmina outro músico.
Também conhecido entre seus contemporâneos como Repolho, em alusão a sua suposta mediocridade como aluno, Enaldo Oliveira é retratado, por expressivo contingente dos músicos como alguém patologicamente vaidoso e despudoradamente arrivista. Sobre ele é dito, nos bastidores, sofrer de amusia, que vem a ser perda ou diminuição da sensibilidade às artes, das qualidades ou aptidões artísticas. “Seus projetos, invariavelmente medíocres, serviram apenas para capitalizar votos para o Edilson Moura, que em nada contribuiu para o crescimento da orquestra”, resume um dos músicos insatisfeitos.

OSTP – Desavenças e quedas-de-braço

Nos bastidores comenta-se sobre supostas desavenças e quedas-de-braço de Enaldo Oliveira com Dione Colares, atual diretora do Theatro da Paz, e o gerente da orquestra, Leonardo Souza. O maestro chegou inclusive a tornar público, fazendo repercutir na grande imprensa, o seu pedido de demissão, mas aparentemente acabou fortalecido. Quem levou a pior foi Leonardo Souza, até então gerente da Sinfônica, que solicitou e teve aceito seu pedido de exoneração.
A crítica generalizada é sobre a ausência de determinação política para fazer existir formalmente a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz e nela investir. “Entra governo, sai governo, e nada! Continuamos à deriva, sem um efetivo apoio oficial”, desabafa um dos músicos.

OSTP – Cincinato, a “vaca de presépio”

E o que diz, de todo esse imbróglio, Cincinato Marques Júnior, o sucessor de Edilson Moura na Secult, a Secretaria de Estado de Cultura? “Nada. Absolutamente nada”, afirma um dos músicos, com o endosso de boa parte dos seus colegas. E acrescenta, impiedoso: “Ele (Cincinato Marques Júnior) parece ter sido escalado para ser vaca de presépio, que só faz baixar a cabeça.”
“Inexistem planos para a orquestra. Como não há também orçamento. Ninguém sabe de nada. Nem espera mais nada. A não ser a Orquestra Sinfômica do Theatro da Paz morrer!”, arremata mais um outro músico.

PETRALHAS – Dissimulação e mentiras sem fim

“Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?”
Com a sagacidade que é própria dos intelectuais refinados, e por isso capazes de não cair na tentação da obtusidade do maniqueísmo do bem e do mal, a advertência é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (foto), em artigo intitulado “Sem medo do passado”. No artigo, publicado em 6 de fevereiro deste ano, no Estado de S. Paulo, o Estadão, FHC entreviu o cenário no qual hoje se move o presidente Lula, que mandou às favas a liturgia do cargo, reduzindo-se a um palanqueiro vulgar, na determinação de eleger sua sucessora o posto que atende pelo nome de Dilma Rousseff.
"O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos", observa FHC.

PETRALHAS – A advertência de Fernando Henrique

Transcrevo abaixo, na íntegra, o artigo de FHC, para reflexão dos que se preocupam com o destino da florescente democracia brasileira.

Sem medo do passado
Fernando Henrique Cardoso

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas estão o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse: "O Estado sou eu." Lula dirá: "O Brasil sou eu!" Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo o que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote - o governo do PSDB foi "neoliberal" - e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora, os dados... O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da Lei de Responsabilidade Fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobrás, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões, e junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado. Esqueceu-se dos investimentos do Programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao País. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no País.
Esqueceu-se de que o País pagou um custo alto por anos de "bravata" do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI - com aval de Lula, diga-se - para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo o que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto "neoliberalismo" peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobrás, citado por Adriano Pires no Brasil Econômico de 13/1: "Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobrás produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela."
O outro alvo da distorção petista se refere à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002 houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram num município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outros 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando numa só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB "não olhou para o social". Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel para a realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa Toda Criança na Escola trouxe para o ensino fundamental quase 100% das crianças de 7 a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996 eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

* Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi presidente da República.

PETRALHAS – Lula e suas estripulias

A revelação é de Josias de Souza, o jornalista da Folha de S. Paulo, neste sábado, 23.

“O debate vem de longe: o que pesa mais na formação de um transgressor, o ambiente ou a genética?
“No caso do Lula-2010 (foto), um infrator além de qualquer atenuante, não há dúvida: trata-se de um produto do meio.
“Pela terceira vez consecutiva, Lula enforcou um pedaço do expediente da sexta-feira para se dedicar aos afazeres eleitorais.
“Pela manhã, concedeu uma audiência e foi à solenidade do Dia do Aviador. Depois alçou vôo.
“Na agenda oficial, uma expressão engana-trouxa: ‘Despachos internos’. Em verdade, a macumba é externa.
“Lula foi ao almoço e, depois, ao estúdio do comitê de campanha de Dilma Rousseff. No final da tarde, embarca para Uberlândia (MG). Para quê? Comício, uai! As aparições agora serão diárias.
“Na pele de cabo eleitoral, Lula é a cultura política brasileira levada longe demais. Um desafio constante à legislação eleitoral. Culpa do ambiente permissivo.
“Deram-lhe as facilidades de uma oposição frouxa. Garantiram-lhe a impunidade de uma Justiça leniente. E ainda o premiam com o sucesso.”

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ELEIÇÃO – Recordação do mestre Henfil

SUCESSÃO – Jatene não supera fiasco

Se os debates entre os candidatos ao governo do Pará efetivamente repercutem no eleitorado, e mais particularmente na parcela mais esclarecida dos eleitores, permanece sendo negativo o saldo do ex-governador tucano Simão Jatene, que postula um novo mandato. No debate da noite desta quinta-feira, 21, promovido pela TV RBA, afiliada da Rede Bandeirantes, o candidato do PSDB não repetiu o fiasco de segunda-feira, 18, na TV Record, quando se descontrolou e revelou-se patético, diante dos petardos disparados pela governadora petista Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição. Mas se dessa vez não foi à lona, mais uma vez Jatene não conseguiu tornar visível a superioridade que se atribui, em matéria de competência administrativa, no confronto direto com sua adversária.
Na verdade, possivelmente como reflexo do vexame protagonizado no debate da TV Record, na TV RBA Jatene mostrou-se na defensiva, mas não o suficiente para dissimular, ou pelo menos aplacar, a incontida arrogância que revela ao tentar, cansativamente, desqualificar Ana Júlia. Esta mostrou-se novamente bem mais segura, impressionantemente mais articulada, considerando o seu padrão habitual. Daí o porquê de ter conseguido, sempre, neutralizar as investidas do adversário, mesmo aquelas aparentemente mais letais, politicamente, como no caso do desempenho do atual governo no quesito educação.

SUCESSÃO – O estigma de “preguiçoso”

No debate na noite de segunda-feira, 18, o ex-governador tucano Simão Jatene foi à lona, politicamente, após aludir a suspeitas de corrupção que permeiam a administração da governadora petista Ana Júlia Carepa. De bate-pronto, Ana Júlia disparou o revide. “O candidato fala muito em corrupção, mas quem responde a uma ação no Supremo (Tribunal Federal), por crime eleitoral, não sou eu”, fulminou, destroçando emocionalmente o adversário.
O mais constrangedor para Jatene, porém, foi Ana Júlia fazer aderir definitivamente à imagem do ex-governador tucano o estigma de “preguiçoso”, que lhe é imputado pelo também ex-governador Almir Gabriel, hoje rompido com o PSDB. A deixa, para tanto, foi Jatene acusá-la de relapsa. De imediato, Ana Júlia recordou que Jatene deixara de ir a uma reunião dos governadores eleitos em 2002 com o presidente Lula para pescar. Irônica, ela revelou ainda que Jatene fora pescar em uma reserva ambiental, o que é proibido por lei.
Atordoado, Jatene perdeu o prumo. A emenda foi pior que o soneto. Desconsertado, o máximo que o ex-governador tucano conseguiu foi enriquecer o folclore político do Pará, com uma frase hilária. “Fui porque não fui", vociferou, hilário. "Não fui à reunião para ir pescar. Fui pescar porque não fui à reunião”, acrescentou Jatene, patético, ao oferecer a versão de que não foi à reunião porque supostamente pretendiam estender a Zona Franca de Manaus a outros Estados da Amazônia, sem incluir o Pará.

SUCESSÃO – Caso do acelerador linear cala tucano

Quando Simão Jatene questionou o claudicante desempenho da atual administração em matéria de educação, Ana Júlia Carepa não perdeu tempo e tratou de suscitar o imbróglio do acelerador linear de última geração, cujo custo é avaliado em mais de um milhão de dólares e que é vital para o tratamento dos pacientes com câncer. A menção a esse episódio deixou o ex-governador tucano algo aparvalhado, balbuciando justificativas para o injustificável, para depois ser compelido a se calar E não poderia ser diferente, diga-se, porque o imbróglio é emblemático da inépcia administrativa do governo Simão Jatene, particularmente na área da saúde pública.
O acelerador linear de última geração, destinado ao Hospital Ophir Loyola, referência no tratamento de câncer, chegou a Belém em 2004, no segundo ano do mandato de Jatene como governador. Desde então permaneceu encaixotado, no almoxarifado da Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública. O acelerador lenear, cuja instalação dependia da construção de um anexo compatível com o seu porte e com as condições indispensáveis ao seu funcionamento, só deixou o almoxarifado da Sespa no início do governo Ana Júlia Carepa, em 2007, quando a médica Laura Rossetti assumiu a presidência do Ophir Loyola. Ao tornar-se secretária de saúde, Laura Rossetti deu início às obras do anexo indispensável para a instalação do acelerador linear, agilizadas após denúncia deste blog sobre o imbróglio. O acelerador linear entrou em funcionamento, enfim, no início deste ano.
No governo Simão Jatene a área de saúde tornou-se feudo do DEM, sucedâneo do PFL, representado pela então vice-governadora, Valéria Vinagre Pires Franco, que era também a secretária especial de Promoção Social. Valéria tem como marido e mentor político o deputado federal Vic Pires Franco, então presidente regional do DEM no Pará. Por indicação do casal, o secretário executivo de Saúde Pública era o médico Fernando Dourado, amigo pessoal e ex-sócio de Valéria e Vic Pires Franco em uma agência de turismo. Hoje vereador de Belém pelo DEM, Dourado protagonizou uma gestão pontuada por denúncias e suspeitas de corrupção, que se estenderam ao Presença Viva, um programa supostamente destinado à interiorização da assistência médica, mas que na verdade se destinava, prioritariamente, ao proselitismo eleitoral do casal Pires Franco.

SUCESSÃO – A balela das 40 mil casas populares

Ao mesmo tempo, aparentemente obcecado em ridicularizar Ana Júlia, Jatene acabou por se expor desnecessariamente. Ao recordar a frustração de Belém ter sido preterida como uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, por exemplo, Jatene foi confrontado, pela governadora petista, com um dos mais constrangedores episódios de sua passagem pelo governo. Quando o Pará perdeu o pólo siderúrgico, Jatene trombeteou que, como compensação, a Vale construiria 40 mil casas populares, uma promessa que jamais foi cumprida. “O que o senhor tem a dizer a respeito?”, fustigou Ana Júlia, acentuando que conseguira trazer o investimento de volta para o nosso Estado.
A justificativa de Jatene foi digna de conversa de bêbado para delegado. O álibi, para a sua constrangedora balela, foi a conjuntura econômica mundial, que teria favorecido a Vale optar por voltar a investir no Pará. Uma explicação digna de Rolando Lero, o personagem cômico que o talento do saudoso ator Mário Cardoso tornou célebre. Tão célebre como a desfaçatez de Jatene.

SUCESSÃO – Arrogância tem efeito de bumerangue

No debate na noite desta quinta-feira, 21, na TV RBA, Simão Jatene voltou a incorrer no erro crasso de insistir continuadamente em tentar desqualificar sua adversária. Como se estivesse em uma convenção de guarda-livros, submergiu na cansativa citação de números, acabando por reforçar a imagem de arrogância que com ele se confunde. O que acaba por ter o efeito de um bumerangue, voltando-se contra ele próprio, por sugerir a presunção que ajuda a alimentar a animosidade natural que costuma cercar os poderosos em geral e os arrogantes em particular.
De resto, Jatene revelou-se nervoso, o que se traduziu no tom virulento que invariavelmente imprimiu a suas manifestações. Uma virulência tanto mais antipática, por ter como oponente, para além da governadora, uma mulher, mãe de família. Daí emerge a ilação de que Jatene buscou, desesperadamente, a vendeta capaz de devolver a Ana Júlia o ridículo que ela lhe impôs na noite de segunda-feira, 18. Um vexame tanto maior devido a aura de intelectualidade que historicamente cerca o candidato tucano e a superficialidade da governadora petista, quando à deriva, sem ser adestrada por marqueteiro efetivamente competente.

SUCESSÃO – Cinismo capaz de corar anêmico

E tanto é assim que pelo menos em duas passagens do debate Simão Jatene teve o seu momento de Duciomar Costa, o nefasto Dudu, o inepto prefeito de Belém, célebre pela desfaçatez com a qual mente. Como uma versão edulcorada do nefasto Dudu, Simão Jatene exibiu um cinismo capaz de corar anêmico ao atribuir a si a inauguração do Mangal das Garças e ao repetir que havia inaugurado, devidamente equipados, os hospitais regionais.
O Mangal das Garças, recorde-se, foi em verdade construído no governo Almir Gabriel e a Jatene coube, basicamente, cortar a fita inaugural. Emblematicamente feita com a presença do ex-governador Almir Gabriel, que movera céus e terras, além de afrontar a lei, para eleger sucessor Jatene. Quanto aos hospitais regionais, pelo menos em um caso Jatene comportou-se como moleque. Foi o caso do hospital de Santarém, que ele inaugurou ainda em 2006, sem estar equipado, mas sob o compromisso de até o final do mandato repassar os recursos necessários para tanto. Compromisso que assumiu, mas não honrou, com a prefeita Maria do Carmo, do PT.

SUCESSÃO – O falso pudor da tucanalha

Chega a ser hilário a tucanalha que acompanha Simão Jatene se dizer supostamente impactada, diante do apoio do ex-governador Almir Gabriel à governadora petista Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição.
O aval de Almir Gabriel a Ana Júlia (na foto, com Anivaldo Vale, à esq.) é em tese inusitado, diante do passado recente, que opunha um ao outro. E sabem até os postes desta terra que Almir Gabriel é movido pelo rancor em relação a Jatene, a quem já teve como amigo pessoal, auxiliar da sua mais absoluta confiança e do qual fez seu sucessor em 2002, movendo céus e terras. Mas ao qual hoje acusa de tê-lo boicotado em 2006, quando postulou um terceiro mandato pelo PSDB e foi derrotado justamente por Ana Júlia Carepa, que teve o decisivo apoio do ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará.
Mais inusitado que isso só mesmo a tucanalha cobrar coerência na terra do vale-tudo eleitoral que é o Pará.
Afinal, a escumalha tucana que hoje corteja Jader Barbalho, com ele contando para eleger Simão Jatene, é a mesma, absolutamente a mesma, que até recentemente o tratava como Anhanga, a quinta-essência do mal.

PETRALHAS – Serra e os sicários vermelhos

Desmantelada a farsa dos petralhas,que pretenderam apresentar a agressão como um suposto factóide, não sei o que é mais assustador – se a truculência dos sicários vermelhos, dos quais foi vítima o ex-governador José Serra (foto), o candidato a presidente pelo PSDB, ou a leviandade do gigolô de sindicato aboletado no Palácio do Planalto, cujo viés totalitário se constitui na prova de fogo da incipiente democracia brasileira, porque ancorado no carisma que sustenta sua popularidade.
O episódio é emblemático da tentação totalitária que permeia historicamente o PT e ilustrativo das ciladas impostas pela democracia, capaz de favorecer os aventureiros que dela se valem para destruí-la. É assustador, particularmente, o aval do próprio presidente de plantão a selvageria dos petralhas. Justamente ele, do qual é lícito cobrar a postura de magistrado da qual abdicou, em flagrante desrespeito à desejável e saudável liturgia do cargo.
Mais do que nunca sedimento a convicção de que a eventual vitória de Dilma Rousseff privará o Brasil de ter um presidente com porte de estadista, porque de competência e probidade comprovadas. Exatamente o oposto da candidata petista, que decolou como beneficiária do favorecimento do marido, no melhor estilo de prostituta de um homem só. E ascendeu à ribalta, em plano nacional, descendo de pára-quedas no PT, para o qual migrou ao retirar-se do PDT, por conveniências menores. E cujo jaez é traduzido pelo seu avalista, o gigolô de sindicato feito presidente, recorrente na leviandade com a qual costuma tratar a honra alheia e que mede os outros pela sua régua.

PETRALHAS – A advertência de Augusto Nunes

Transcrevo abaixo, na íntegra, a coluna de Augusto Nunes (foto) na Veja online, na qual o jornalista comenta a covarde agressão dos petralhas a José Serra.

O ódio e a mentira se juntam no palanque

“Politica a gente não pode fazer com ódio, com agressão, mas ninguém aguenta mentira!”, mentiu no falatório desta terça-feira o palanqueiro que trocou a Presidência da República para assumir o comando de uma facção ─ e agredir com singular virulência todos os que ousam divergir da palavra do Mestre. O alvo imediato da discurseira foi o ex-governador Marconi Perillo, candidato a mais um mandato pelo PSDB. Mas ondas de ódio se propagam na velocidade do som, confirmou nesta tarde o ataque boçal de milícias do PT à passeata de José Serra no Rio.
“Uma coisa que a gente aprende no berço, na relação familiar, é a questão de caráter, de respeito!”, continuou o berreiro em Goiânia. “Não tem nada pior que um politico sem caráter algum, que não colocou um trilho na Ferrovia Norte-Sul, dizer que ele que fez a ferrovia!”. Lula gosta de falar perigosamente: Perillo deveria ser o último nome na lista das vítimas do animador de comícios.
Na improvável hipótese de que tenha reivindicado a execução de uma obra federal, o acusador continuaria em débito com o acusado. Em 2003, como atesta o vídeo, o ex-governador propôs a Lula a criação do Bolsa Família, cuja paternidade seria roubada pelo beneficiário da ideia. Em 2005, foi o mesmo Perillo quem sugeriu ao presidente que procurasse informar-se sobre uma nova modalidade de bandidagem em curso no Congresso. Fora batizada de “mensalão”.
O tom colérico da voz, o rosto crispado, o cortejo de insultos, o desfile de bazófias e bravatas ─ a soma de sinais inconfundíveis gritou que Lula apareceu em Goiás nem tanto para reeleger-se com o nome de Dilma Rousseff, ou para anabolizar a candidatura cada vez mais anêmica do companheiro Iris Rezende, mas para impedir a vitória de Perillo. Se o PSDB perder a eleição, o ressentido incurável terá matado simultaneamente o mensageiro de más notícias e o real criador do Bolsa Família.
Para tanto, Lula não reluta em assassinar a verdade e o próprio passado. A obra cuja autoria reclama aos berros é a mesma em que o oposicionista do século passado enxergou um monumento à corrupção. Em 6 de setembro de 1987, num comício em Aracaju, o deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva, presidente nacional do PT, disse o que pensava da Ferrovia Norte-Sul e do presidente José Sarney, que a concebera:
“Ademar de Barros e Paulo Maluf poderiam ser ladrão, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da nova República, perto dos assaltos que se faz”, garantiu o candidato crônico. “O presidente da República ao invés de fazer açude, ao invés de fazer cacimba, ao invés de fazer poço artesiano ou fazer irrigação no Nordeste, vai gastar 2 bilhões e meio de dólares pra construir uma ferrovia, Norte-Sul, ligando a casa dele no Maranhão até a casa dele em Brasília”. A “ferrovia do Sarney” hoje é a Ferrovia do Lula. Não é falta de memória. O que sempre faltou é vergonha.
Nesta quarta-feira, o ataque físico a José Serra confirma que, agora mais do que nunca, falta polícia, falta Ministério Público e falta Poder Judiciário.

ELF – O expressionismo de Soncini

Está confirmada para a manhã deste sábado, 23, a partir das 11 horas, a inauguração da exposição individual do artista plástico expressionista Decio Soncini na Elf, primeira galeria de arte privada do Pará, fundada pelo saudoso Gileno Muller Chaves. A mostra reúne 23 trabalhos, em formatos que variam de 25 x 25 cm a 100 x 100 cm, em uma série que o artista intitulou de Fragmentos.
Procedente de São Paulo, Soncini aporta novamente em Belém com uma exposição inspirada em objetos e personagens do cotidiano, na esteira das lembrança de uma fala do filme “Um sonho de domingo” de Bertrand Tavernier. “Neste filme o principal personagem, um velho pintor francês do final do século XIX declara que, embora consciente das importantes mudanças na pintura que estavam ocorrendo naquele momento a sua volta, seu principal assunto era o de pintar os infinitos cantos do seu ateliê. Desta motivação, surgiram os trabalhos que compõem a mostra Fragmentos”, resume o release enviado ao blog, remetendo os interessados ao endereço virtual de Soncini - http://www.soncini.com.br/index1.asp?qm=p&ed=1&c=23 .

SERVIÇO

Exposição Fragmentos – Décio Soncini
Vernissage para convidados, dia 23 de outubro, às 11h, na Elf Galeria (Passagem Bolonha, 60. Nazaré- fone 32240854 - 99857647)
Visitação: 25 de outubro a 30 de novembro, de segunda a sexta, das 10 às 13h e das 15 às 19h, aos sábados, de 10 às 14h.

Elf Galeria

Passagem Bolonha, 60. Nazaré.
Belém - Pará
66.053-060
+ 55 (91) 3224-0854
www.elfgaleria.com.br
http://www.soncini.com.br