terça-feira, 17 de abril de 2012

SEFA – Os tortuosos atalhos da meia verdade

        Como pior do que a mentira é a meia verdade, que obscurece os fatos a pretexto de esclarecê-los, a crítica padece de um vício de origem, ao afirmar que o Blog do Barata supostamente tomou como verdadeiras as denúncias anônimas feitas por e-mail ao secretário estadual da Fazenda, José Barroso Tostes Neto. Relatos que reprisam, repita-se, denúncia anterior, devidamente formalizada, de acordo com fontes absolutamente idôneas. As postagens, sobre as denúncias feitas diretamente a Tostes, limitam-se a reproduzir o e-mail remetido ao secretário estadual da Fazenda. O condicional, nelas utilizado, reflete a preocupação em evitar qualquer juízo de valor. Na única passagem em que permito-me um julgamento de valor é para mencionar as virtudes atribuídas a José Barroso Tostes Neto, como um servidor público federal de carreira, de competência, experiência e probidade reconhecidas.
        O blog apenas permitiu-se a constatação óbvia, ao identificar como graves, gravíssimas, as denúncias formuladas no e-mail remetido ao secretário estadual da Fazenda. E quando assim o fez, foi para evidenciar a necessidade de uma rigorosa apuração, indispensável para preservar a presumível credibilidade da atual administração e da própria Sefa. As ilações embutidas no comentário – também anônimo, como anônimas são as denúncias contidas no e-mail enviado a Tostes – traem uma das mais tenebrosas seqüelas do regime de arbítrio, do qual ainda convalesce o Brasil, que é o medo à liberdade Medo que leva muitos, e ironicamente até alguns daqueles que combaterem a ditadura militar, a interiorizar a intolerância que repudiavam na época do regime dos generais.
        Convém repetir, porque verdadeiro e pertinente, que quem discorda, quem debate, quem esclarece, não oferece nenhum perigo. O perigo vem sempre de quem concorda, de quem se acomoda, de quem é subserviente por cálculo, vocação, formação e interesse. Até porque o totalitarismo é irmão siamês da corrupção, como bem ilustra a censura judicial, patrocinada pela banda podre do Poder Judiciário, na qual vicejam os cúmplices retroativos da ditadura militar.
        Sobre o Blog do Barata repercutir o imbróglio, mesmo sendo patrocinado pelo Sindifisco, tomo a observação como um elogio, ainda que esta não tenha sido a intenção do autor do comentário. O fato evidencia a relação de respeito do blog com seu patrocinador, para a qual tem sido decisiva a postura ética de Charles Alcântara, o atual presidente do sindicato, que traduz na prática, que é efetivamente o critério da verdade, o real apreço pela liberdade de expressão, virtude que lamentavelmente, na maioria dos casos, não ultrapassa os limites do discurso para consumo externo.

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