segunda-feira, 4 de junho de 2012

CENSURA – A vocação autoritária, por osmose


        Um militar anfíbio, com um pé na caserna e outro na política, Jarbas Passarinho (foto) foi uma das lideranças políticas reveladas pelo regime militar no Pará e ganhou visibilidade nacional pelo seu perfil intelectualizado e por ser também um orador articulado, como evidenciaram os célebres debates travados no Senado com Paulo Brossard, do então MDB. Mas sua patética participação, na reunião que formalizou a edição do AI-5, tisnou, para todo o sempre, a biografia de Jarbas Passarinho. "Sei que a Vossa Excelência repugna, como a mim e a todos os membros desse Conselho, enveredar pelo caminho da ditadura pura e simples, mas me parece que claramente é esta que está diante de nós. [...] Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência", pontificou Passarinho, na reunião de 13 de dezembro de 1968, na grande mesa da sala de jantar do imponente Palácio Laranjeiras, onde se reuniu o Conselho de Segurança Nacional.
        A diferença abissal é que o ilustre tio-avô de Joaquim Passarinho Pinto de Souza Porto, o Quinzinho, pode até ser um empedernido defensor do indefensável, como é o caso da defesa que faz do golpe militar de 1º de abril de 1964, mas soa inimaginável vê-lo envolvido em tramóias de qualquer magnitude. Exatamente o oposto de Quinzinho, que se chafurda no charco do mais repulsivo patrimonialismo, juntamente com a própria mulher, Nádia Khaled Porto, e congestiona a pauta de um juizado especial com uma litigância de má-fé, não para resgatar a honra supostamente ofendida, mas para calar a verdade. Mais lamentável, pateticamente lamentável, diga-se, é constatar que toda essa lambança teve a cumplicidade de Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, do qual, pelo discurso, se poderia esperar muito mais do que a conivência com a pilhagem ao erário, em benefício de trombadinhas engravatados, que sequer necessitam disso, para usufruir de mordomias.

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