quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ELEIÇÕES – A compulsão pela manipulação

        A compulsão pela tentativa de manipulação da opinião pública parece ser o denominador comum entre as distintas gerações dos Maiorana. Um ex-contrabandista, que também obteve êxito como lojista, Romulo Maiorana (foto), já como um bem-sucedido empresário da comunicação, tratou de depurar sua biografia, dela defenestrando as passagens eventualmente pouco edificantes. O que não conseguiu livrá-lo da suspeita de integrar uma quadrilha que manipulava os resultados dos jogos da Loteria Esportiva.
        Nas eleições de 1982, até por imposição do regime militar, junto ao qual conseguira a concessão da canal 7, da TV Liberal, o patriarca dos Maiorana atrelou o jornal O Liberal a campanha do empresário Oziel Carneiro. Este foi o candidato a governador pelo PDS, o Partido Democrático Social, sucedâneo da Arena, a Aliança Renovadora Nacional, como legenda de sustentação parlamentar da ditadura militar. Incorporou-se ao folclore político do Pará a apuração paralela, repercutida por O Liberal e pela qual Oziel Carneiro mantinha-se a frente de Jader Barbalho, embora os números do TRE, o Tribunal Regional Eleitoral, sinalizassem a vitória do candidato do PMDB.
        Nas eleições de 1990, Romulo Maiorana já havia morrido, vítima de um câncer devastador. Mas novamente O Liberal alinhou-se despudoradamente com a candidatura a governador de Sahid Xerfan, do PTB, um próspero lojista, que antes fora eleito, pelo voto direto, prefeito de Belém. Apesar de ter o apoio do então governador Hélio Gueiros e contar com o endosso dos Maiorana, Xerfan acabou derrotado por Jader Barbalho. Foi assim que o morubixaba do PMDB no Pará obteve seu segundo mandato como governador.
        A bonança, para a nova geração dos Maiorana, veio com a eleição para governador, pelo PSDB, do ex-prefeito de Belém e ex-senador Almir Gabriel. Nos dois mandatos consecutivos de Almir Gabriel e no primeiro mandato de Simão Jatene como governador, o grupo de comunicação dos Maiorana deteve a fatia do leão da publicidade oficial. Além de um caricato convênio, pelo qual a Funtelpa, a Fundação de Telecomunicações do Pará, pagava para ceder suas retransmissoras à TV Liberal. A vitória da petista Ana Júlia Carepa sobre Almir Gabriel, em 2006, na esteira de uma engenharia política articulada por Jader Barbalho, reequilibrou a correlação de forças, obrigando os Maiorana a dividirem com os Barbalho as benesses do poder. A aliança de Simão Jatene com o senador Jader Barbalho explica a postura ambivalente, em relação ao atual governador, de Romulo Maiorana Júnior, o Rominho, presidente executivo das ORM.

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