quarta-feira, 24 de outubro de 2012

JOAQUIM BARBOSA – Ele nos enche de orgulho!

MENSALÃO – O condestável no rumo da cadeia

MURAL – Queixas & Denúncias

BLOG – Problemas técnicos enfim superados

        Problemas técnicos, enfim superados, obrigaram-me a uma pausa involuntária na atualização do blog, que retomo nesta quarta-feira.
        Peço desculpas pela ausência e agradeço a compreensão dos que prestigiam-me com sua leitura.

ELEIÇÕES – Cultura também boicota Edmilson

        Se os poderosos de plantão e seus apaniguados não cumprem as leis, em claro desafio ao ordenamento jurídico democrático, como convencer o cidadão anônimo a respeitá-las e nelas acreditar, condição sine qua non para o exercício pleno da cidadania?
        Esta é a pergunta que não quer calar, diante da denúncia segundo a qual, no último fim de semana, a Rádio Cultura inexplicavelmente deixou de levar ao ar o programa eleitoral do deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSol) (foto, de terno, nos ombros de militantes psolistas), em um claro boicote ao candidato a prefeito de Belém pela Frente Belém nas Mãos do Povo. Mas a lambança não ficou por ai, acrescenta também a denúncia: no mesmo horário político gratuito em que a rádio deixou de transmitir o programa eleitoral do parlamentar do PSol, exibiu por duas vezes o programa do deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB), o candidato a prefeito pela coligação União em Defesa de Belém. A Rádio Cultura integra a Funtelpa, a Fundação de Telecomunicações do Pará, subordinada ao governo do Estado, o que inevitavelmente alimenta a suspeita de que o boicote a Edmilson foi coonestado pelo governador tucano Simão Jatene, o Simão Preguiça, que patrocina a candidatura de Zenaldo.
        A lambança envolvendo a Rádio Cultura reprisa o imbróglio protagonizado pela TV Liberal, que sem nenhuma justificativa plausível deixou de levar ao ar na noite de sábado, 20, no horário político gratuito, o programa eleitoral de Edmilson, revelando a queda dos percentuais de intenções de voto de Zenaldo. Afiliada da Rede Globo de Televisão, a TV Liberal integra as ORM, as Organizações Romulo Maiorana, originalmente nominadas de Grupo Liberal e das quais faz parte também O Liberal, o principal jornal do grupo de comunicação da família Maiorana, de notórios e estreitos vínculos com a tucanalha, a banda podre da tucanagem no Pará. Nos 12 anos de sucessivos governos do PSDB no Estado, de 1995 a 2006 – período que corresponde aos dois sucessivos mandatos do ex-governador Almir Gabriel e ao primeiro mandato de Simão Jatene como governador –, os Maiorana foram beneficiários de uma acintosa pilhagem ao erário. De 1996 a 2006, por um contrato travestido de convênio, para driblar a exigência de concorrência pública, a Funtelpa simplesmente pagava um aluguel mensal para a TV Liberal utilizar suas 78 repetidoras e, assim, levar a programação da TV Globo para o interior do Estado. Ao longo de 10 anos, em valores ainda por atualizar, a tramóia rendeu R$ 37 milhões aos cofres das ORM e só foi abortada em 2007, após a posse da ex-governadora petista Ana Júlia Carepa, eleita em 2006, ao derrotar o ex-governador Almir Gabriel, então no PSDB, na sucessão estadual. Diante do fim da mamata, os Maiorana ingressaram na Justiça com uma ação reivindicando uma indenização de mais de R$ 3 milhões, a pretexto de suposta “manutenção” feita nas repetidoras da Funtelpa.

ELEIÇÕES – Desprezo pelo império das leis

        É emblemático do menosprezo da tucanalha e assemelhados aos postulados democráticos o boicote, da TV Liberal e da Rádio Cultura, a Edmilson Rodrigues, que tenta obter, agora pelo PSol, um terceiro mandato como prefeito de Belém, após ter sido eleito em 1996 e reeleito 2000, quando ainda no PT. A lambança escancara a falácia na qual se constitui o discurso de campanha de Zenaldo Coutinho (foto, à esq., com Arnaldo Jordy e Simão Jatene), com recorrentes exortações a um debate de alto nível, ao mesmo tempo em que o candidato se vale de métodos torpes, na tentativa de minar o eventual avanço do adversário. Revelando-se um autêntico simulacro de tiranete de província, o candidato do PSDB parece balizar sua campanha na falsa presunção de que os fins justificam os meios, esquecendo-se, porque assim lhe convém, que os meios definem os fins.
        Para além da inocultável mediocridade e da ausência de conhecimento de causa em relação aos problemas que castigam Belém, escancara-se a farsa na qual se constitui Zenaldo. A começar pela tentativa dele tentar descolar sua imagem do atual prefeito, Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, um subproduto da tucanalha, protagonista de uma administração calamitosa, pontuada por recorrentes suspeitas de corrupção. O nefasto Dudu tornou-se senador em 2002 e, posteriormente, foi eleito e reeleito prefeito de Belém, em 2004 e 2008, respectivamente, sempre com o apoio do PSDB e, em particular, do próprio Zenaldo. Antes disso, Zenaldo já se associara a Duciomar. Na sucessão municipal de 2000, quando Edmilson Rodrigues foi reeleito prefeito, Zenaldo saiu candidato pelo PSDB, com o aval do então governador Almir Gabriel, na época o líder do tucanato paraense. Mesmo com a máquina administrativa estadual a serviço da sua candidatura, Zenaldo não chegou ao segundo turno, no qual o nefasto Dudu despontou como o plano B da tucanalha, sem conseguir impedir, porém, a vitória de Edmilson Rodrigues. Na ocasião, Zenaldo também apoiou Duciomar Costa.

ELEIÇÕES – Zenaldo, a vanguarda do atraso

        O próprio perfil de Zenaldo Coutinho é revelador do seu jaez. Filho da classe média próspera, chegou a concluir o curso superior, mas ao invés de abraçar uma profissão, como a maioria dos mortais, optou por tornar-se um gigolô do erário, fazendo do proselitismo eleitoral um meio de vida. Vereador de Belém, deputado estadual, deputado federal, ele chegou aos 51 anos sem jamais ter um mísero emprego, mesmo fortuitamente. Trata-se, ao fim e ao cabo, portanto, de um vagabundo. De terno e gravata, mas apenas e tão-somente um vagabundo. Embora com um respeitável patrimônio, inimaginável, diga-se, para a maioria daqueles que ganham o pão de cada dia com o suor do próprio rosto. Não surpreende, assim, que revele-se, politicamente, um velhaco.
        Zenaldo, convém sublinhar, representa, em verdade, a vanguarda do atraso. Ele floresceu, politicamente, na esteira do assistencialismo, que fixa o homem na pobreza, ao invés de desta libertá-lo. E como é próprio da cultura patrimonialista, turbina com fartos recursos públicos um comitê de campanha, que funciona em tempo integral, travestido de entidade assistencial. Trata-se do Instituto Helena Coutinho, assim denominado em homenagem à sua falecida mãe e de cujos dividendos políticos ele é o único e exclusivo beneficiário. Nisso Zenaldo não se distingue da maioria dos políticos de perfil provinciano, compulsivamente inclinados a velhacarias e que costumam usar o eleitorado carente e pouco esclarecido como massa de manobra. A conta da esperteza parlamentar, naturalmente, vai para o contribuinte.

ELEIÇÕES – Tentação totalitária, vício de origem

        A campanha para a Prefeitura de Belém revelou um traço algo preocupante em Zenaldo Coutinho. Apesar do esforço em se repaginar, ao tornar-se político profissional, fica claro que ele perdura refém de um vício de origem, de sua época de política universitária, quando despontou como viúva da ditadura militar, favorecido pelos excessos da esquerda radical, habitualmente hegemônica no movimento estudantil. Trata-se da tentação totalitária, para a qual resvala compulsivamente, quando confrontado com o contraditório, como evidenciam seus debates com Edmilson Rodrigues. Zenaldo chega a ser flagrantemente desrespeitoso com os eleitores quando, em freqüentes rasgos de soberba, simplesmente ignora as perguntas que lhe são inconvenientes, optando por abordar temas periféricos, à margem das indagações feitas. Se isso não é produto de uma indisfarçável empáfia, soa inevitável concluir que, por osmose, o candidato incorporou o cinismo do nefasto Dudu, o irmão-de-fé-camarada da tucanalha.
        Descontado a cota de estultícia de Orly Bezerra (foto, à esq., com o nefasto Dudu), o marketeiro-mor da tucanalha, de parca criatividade sempre que as circunstâncias exigem algo mais do que meias verdades e/ou baixarias, Zenaldo exibe uma arrogância levada ao paroxismo quando fustigado por críticas. Ele se permite, por exemplo, tentar desqualificar Edmilson Rodrigues como gestor, mas toma como agravo o adversário apresentar-se como professor de carreira, com doutorado na USP, a Universidade de São Paulo, cuja tese remete a problemas da Amazônia, o que ilustra sua familiaridade com as mazelas da região. “Não ofenda quem não pode estudar”, vociferou, no debate promovido pela TV Record. A Zenaldo soa prosaico pretender imputar responsabilidade ao adversário pelo fiasco da administração da ex-governadora petista Ana Júlia Carepa, eleita quando Edmilson já estava abrigado no PSol, mas sente-se ultrajado quando o adversário recorda que o parlamentar tucano foi um dos avalistas da eleição e da reeleição do atual prefeito, o nefasto Dudu, protagonista de uma gestão calamitosa. “Lá vem você agredir-me!”, costuma tangenciar, quando questionado por ter coonestado as tramóias do atual prefeito de Belém.

ELEIÇÕES – Cala a boca, Magda!

        Um capítulo à parte, nas trapalhadas perpetradas por Zenaldo Coutinho, foi a gafe sobre o elenco de creches que ele pretenderia construir, na eventualidade de ser eleito prefeito de Belém. Ele inicialmente acenou com a construção de cinco creches, depois falou que construiria 10, para posteriormente trombetear que iria construir 35 creches. “Isso evidencia sua falta de conhecimento sobre o assunto”, fulminou Edmilson Rodrigues em um dos mais recentes debates entre os dois candidatos.
        O episódio foi, por assim dizer, o momento Magda de Zenaldo Coutinho, cuja extensão da gafe fatalmente remeteu ao bordão disparado contra a personagem da atriz Marisa Orth, no humorístico Sai de Baixo, levado ao ar pela TV Globo, entre 1996 e 2002, sucesso de público e de crítica. A cada sandice da mulher, bela porém inculta, Caco Antibes, personagem interpretado pelo ator, diretor e autor Miguel Falabella, disparava, impiedoso: “Cala a boca, Magda!”
        Da ficção para a realidade, a gafe, no caso de Zenaldo, soou patética. E definitivamente preocupante. Afinal, trata-se do candidato a prefeito de Belém, por um dos maiores partidos do Estado, que tem o apoio do próprio governador, também ele do PSDB. Como confiar os destinos de uma capital, que ostenta mazelas históricas e abriga uma população de 1.392.031 habitantes, segundo o Censo 2010, a uma pessoa que esgrime números levianamente, como um malabarista desastrado?

SAÚDE – Registro da inépcia governamental


        Fotos da construção Centro Oncológico Pediátrico do Hospital Ophir Loyola, cujas obras se arrastam lenta e parcimoniosamente, desde o primeiro mandato como governador do tucano Simão Jatene. Passados os quatro anos da administração da ex-governadora petista Ana Júlia Carepa, as obras perduraram inconclusas e assim permanecem, consumida quase a metade do segundo mandato como governador de Simão Jatene.


OAB – Chapa OAB+ denuncia irregularidade

        A chapa OAB+, que tem como candidato a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará Eduardo Klautau, o Duda Klautau (foto, à dir.), permanece na expectativa de uma manifestação do conselho estadual da entidade, sobre o pedido de impugnação do edital das próximas eleições da OAB/PA. No edital divulgado pela Ordem, não há nenhuma obrigatoriedade de indicação de suplentes para os cargos da CAA/PA, a Caixa de Assistência dos Advogados. “Essa irregularidade vai de encontro com que as regras legais exigem das chapas concorrentes na hora de se inscreverem”, assinala um e-mail enviado ao blog pela chapa OAB+.
        “A OAB+, chapa encabeçada pelo advogado Duda Klautau, já denunciou a questão há mais de 30 dias. Até agora, o conselho estadual não apreciou a impugnação, considerada um flagrante desrespeito aos advogados do Estado”, acrescenta o e-mail.

domingo, 21 de outubro de 2012

ÉTICA – Só de sacanagem


Uma comovente exortação a um resgate ético.
Assim pode ser descrito o texto da atriz e poetisa
Elisa Lucinda, intitulado "Só de sacanagem", lido
pela cantora e compositora Ana Carolina e cuja
 leitura foi registrada no vídeo acima. 


ZENALDUDU – Mayday, mayday, mayday...

        A concluir da revelação feita pelo Blog do Charles Alcântara, neste domingo, 21, o clima no comitê de campanha de Zenaldo Coutinho, candidato a prefeito de Belém pelo PSDB, está a uma distância abissal da tranqüilidade sugerida por quem supostamente teria consolidado sua vantagem sobre o adversário. Os indícios são de que a atmosfera é de inocultável desalento.
        Uma fonte absolutamente idônea, Charles revela que o prefeito Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu(foto), está sendo “convencido” pelo PSDB a pedir direito de resposta à Justiça Eleitoral, para desmentir que esteja apoiando a candidatura de Zenaldo, no horário de propaganda eleitoral de Edmilson Rodrigues. “Sendo exitoso o ‘convencimento’ tucano e, sendo acolhido o pedido na Justiça Eleitoral, Dudu entra em campo – melhor, em cena - para ajudar Zenaldo", antevê Charles Alcantara. Os estrategistas da tucanalha supõem que a aparição do Dudu, nessas circunstâncias, ajudaria Zenaldo.
        Protagonista de uma administração calamitosa, pontuada por sucessivas denúncias de corrupção, o nefasto Dudu teve sempre, na sua ascensão política, o aval e o apoio de Zenaldo Coutinho, a quem agora retribui, mesmo que por debaixo dos panos.
        Candidato a prefeito de Belém em 2000, quando foi derrotado por Edmilson Rodrigues (na época no PT), que foi reeleito para um segundo mandato, o nefasto Dudu teve na ocasião, no segundo turno, o apoio de Zenaldo. Candidato eleito a senador, em 2002, novamente o nefasto Dudu mereceu o apoio de Zenaldo. Apoio renovado quando Duciomar Costa elegeu-se prefeito de Belém, em 2004, e foi reeleito, em 2012.

ZENALDUDU – Pior a emenda do que o soneto

        Como Duciomar Costa hoje exibe elevado percentual de rejeição, corolário de uma administração absolutamente inepta, Zenaldo Coutinho, perfidamente, tenta escamotear sua histórica e estreita relação com o nefasto Dudu. O que configura aquele caso clássico, de que a emenda é pior do que o soneto.
        No site da Rádio Tabajara (http://www.radiotabajara.com.br/ ) o jornalista Carlos Mendes revela como fato consumado a marmota de Duciomar Costa pretender desmentir seu apoio a Zenaldo Coutinho.
        Seja como for, é para lá de pertinente a observação de Charles Alcantara. “Lançada a luz sobre a trama, periga naufragar a estratégia de descolar Zenaldo de Dudu”, assinala. Eis que se impõe um segundo e arriscado lance: fazer o Dudu aparecer para dizer, com aquela cara imperturbável que lhe caracteriza, que não está apoiando Zenaldo e que Edmilson está mentindo”, acrescenta Charles, para então arrematar, acidamente irônico: “E se tem uma coisa que todo mundo acredita em Belém, é na sinceridade do Dudu.”

LUIZ PINTO – Sonho obsessivo

MURAL – Queixas & Denúncias

LUIZ PINTO – Reforço que enriquece e honra

        Uma colaboração que enriquece o blog e a própria blogosfera, e a mim, pessoal e profissionalmente, muito me honra.
        Isto é o mínimo que tenho a dizer sobre a colaboração de Luiz Pinto, o Luizpê (foto), ao Blog do Barata, que ele passa a enriquecer semanalmente com suas charges, nas quais traduz o seu olhar saudavelmente crítico sobre a realidade que nos cerca.
        O que já escrevi sobre Luiz Pinto, aqui mesmo, permanece absolutamente atual. Trata-se de um dos mais talentosos e respeitados profissionais de sua geração. Exibindo um talento multifacetado, ele é jornalista, cartunista, desenhista gráfico e músico. A Luiz Pinto o Pará deve um justo reconhecimento, ainda que a simplicidade e a irreverência, traços marcantes da sua personalidade, costumem conspirar contra ele, que de resto é um ser humano da melhor qualidade, uma pessoa visceralmente boa.
        Luiz Pinto, recorde-se, é o chargista e editor gráfico do Jornal Pessoal, a mais longeva publicação da imprensa alternativa brasileira, que este ano completou exatos 25 anos de circulação. O JP é escrito e editado por Lúcio Flávio Pinto, irmão de Luiz Pinto e um jornalista premiado e respeitado nacional e internacionalmente.
        Para um mais durador deleite, diante do inquietante talento de Luiz Pinto, os internautas podem acessar dois outros endereços eletrônicos:



BLOGOSFERA – A volta do Blog do Charles

        A blogosfera ganha um respeitável reforço com a volta do Blog do Charles Alcantara, cujo endereço eletrônico é www.charlesalcantara.wordpress.com . Bem compatível com o perfil de seu responsável, o blog anuncia-se eclético e plural, como é possível entrever pelo seu subtítulo – “Diálogos sobre política, ética, mídia e cultura”.
        Auditor de carreira da Sefa, a Secretaria de Estado da Fazenda, e presidente do Sindifisco, o Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará, Charles Alcântara (foto) é um daqueles profissionais de competência, probidade e experiência comprovadas. Mas, para além disso, ele é sobretudo um belo exemplo de ser humano da melhor qualidade, o que se traduz na postura sempre firme, mas também serena e sobretudo ética.
        É esse elenco de predicados que faz de Charles Alcantara um discreto senhor de grandes segredos. E o torna um interlocutor prazeroso, porque também intelectualmente inquieto. Mas também, e sobretudo, intelectualmente honesto. Dele pode-se discordar, mas jamais duvidar da sinceridade de suas convicções.
        Neste retorno de Charles Alcantara, vale a pena, por exemplo, ler a análise que ele faz da sucessão municipal em Belém e, em particular, do logro que é a candidatura de Zenaldo Coutinho, o candidato da tucanalha a prefeito de Belém.
        Bem-vindo neste seu retorno à blogosfera, caro Charles. E vida longa – para você e para o blog, naturalmente.

ELEIÇÕES – TV Liberal teria censurado Edmilson

        Grave, gravíssima. Assim pode ser definida a denúncia segundo a qual a TV Liberal, que integra as Organizações Romulo Maioarana, originalmente nominadas Grupo Liberal, teria censurado a exibição do programa que deveria ter ido ao ar na televisão na noite deste sábado, no horário político gratuito, revelando a queda das intenções de voto do deputado federal Zenaldo Coutinho, candidato a prefeito de Belém pelo PSDB. A denúncia foi feita pela Frente nas Mãos do Povo, pela qual é candidato a prefeito o deputado psolista Edmilson Rodrigues (foto, à dir.), integrada pelo PSol, PC do B e PSTU, aos quais se somaram, neste segundo turno, o PT, o PDT e o PPL. Segundo ainda a denúncia, por razões desconhecidas a TV Liberal limitou-se a reprisar, na noite deste sábado, os programas de sexta-feira de ambos os candidatos, o que foi interpretado como um álibi para o boicote, etiquetado de “censura”. Pelo que foi previamente acordado, esta semana a TV Liberal, afiliada da Globo e que integra o grupo de comunicação da família Maiorana – de notórios vínculos com o PSDB -, ficou responsável pela geração dos programadas eleitorais, acrescenta o vigoroso repúdio veiculado no site eleitoral de Edmilson Rodrigues, acessado pelo endereço eletrônico abaixo:


        A denúncia da coligação que sustenta a candidatura de Edmilson Rodrigues é vigorosa e fundamentada. “Há um rigoroso controle de qualidade nas afiliadas da TV Globo para que coisas bizarras como essa não aconteçam, pois geram processos contra a emissora. Então, como pode ter acontecido tão grosseiro ‘erro’?”, questiona a denúncia. E prossegue, em tom ácido: “Há uma hipótese razoável: ferindo a legislação eleitoral a emissora passou informação privilegiada ao candidato adversário e acertaram o esquema de repetição do programa eleitoral do dia anterior. Para não chamar a atenção não poderiam ‘errar’ apenas no nosso”, protestam os psolistas e aliados. E acrescentam, em tom igualmente indignado: “Não temos como provar, mas que é possível que tenha sido isso, ah isso é! Ou então, o controle de qualidade da emissora entrou em colapso motivado pela constatação de que o candidato do grupo Liberal despencou sete pontos em cinco dias e vai perder as eleições.”

ELEIÇÕES – Imbróglio coincide com pesquisas

        O imbróglio coincide com a divulgação de duas novas pesquisas de intenção de voto para prefeito de Belém, publicadas nas edições deste domingo, 21, dos jornais O Liberal e Diário do Pará, em circulação desde a noite de sábado. Ambas destoam da pesquisa do Vox Populi, veiculada anteriormente por O Liberal, segundo a qual Zenaldo Coutinho teria aberto uma vantagem de 14 pontos percentuais sobre Edmilson Rodrigues.
        De acordo com o Vox Populi, Zenaldo teria 57% dos votos válidos (que desconsidera os votos brancos e nulos), contra 43% de Edmilson. Na estimulada, o candidato tucano despontaria com 48% e Edmilson surgiria com 36%. A margem de brancos e nulos estaria em 6% e o percentual dos que disseram que não sabem ou preferem não responder seria de 9%. A pesquisa foi encomendada pela TV Liberal.

ELEIÇÕES – As projeções do Ibope e do Ipespe

        As pesquisas do Ibope, o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, e do Ipespe, o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, revelam Zenaldo Coutinho em vantagem, mas por uma margem abaixo daquela projetada pelo Vox Populi. O que levou a coordenação da campanha de Edmilson Rodrigues à ilação de que os números revelam uma ascensão do candidato do PSol e, por via de conseqüência, sinalizam a crescente redução da vantagem inicial de Zenaldo. Exatamente o que enfatiza o programa eleitoral de Edmilson que a TV Liberal deixou de levar ao ar na noite deste sábado, entregue à emissora dos Maiorana ainda na tarde de ontem, às 16h25, cinco minutos antes do prazo fatal – 16h30.
        Pelo Ibope, cuja sondagem foi publicada por O Liberal, na pesquisa estimulada Zenaldo Coutinho tem 51% das intenções de voto, contra 42% de Edmilson Rodrigues. Contabilizados somente os votos válidos - quando são excluídos os votos brancos, nulos e indecisos - Zenaldo tem 55% da preferência, contra 45% de Edmilson. Feita de 16 a 18 de outubro, com um total de602 entrevistados, a margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
        Já o Diário do Pará - líder em vendagem e que integra o grupo de comunicação da família do senador e ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará e inimigo figadal dos Maiorana – publicou uma pesquisa de intenção de votos encomendada ao Ipespe. O instituto ouviu 800 entrevistados, entre 18 e 19 de outubro, e a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos. Pela pesquisa estimulada, Zenaldo tem 45% das intenções de voto, contra 39% de Edmilson. Na pesquisa espontânea, Zenaldo aparece com 44% das intenções de votos e Edmilson com 38%. Os brancos e nulos nesse caso são 7% e 11% não responderam.

ELEIÇÕES – O repúdio ao grupo Liberal

        Segue logo abaixo, na íntegra, o vigoroso repúdio da coligação de Edmilson Rodrigues, diante da “censura” atribuída à TV Liberal, para favorecer o tucano Zenaldo Coutinho (foto), veiculado no site de campanha do candidato do PSol a prefeito de Belém:

Repúdio: Grupo Liberal censura criminosamente programa de Edmilson desta noite

        Hoje foram divulgadas duas pesquisas, uma do Ibope e outra do Ipespe. Nas duas pesquisas foi registrada uma sensível queda de intenções de votos do candidato tucano. O programa do Edmilson preparou uma peça para exibição no programa eleitoral da noite de hoje.
        Todo mundo foi surpreendido com a repetição de nosso programa do dia anterior, mesmo que cumprindo a legislação eleitoral a emissora tenha recebido o novo programa no prazo, conforme protocolo nas mãos da coligação Frente Belem nas mãos do povo. O que todo mundo precisa saber?
        Por decisão tomada desde o inicio das eleições, esta semana a empresa responsável pela geração dos programas eleitorais é a TV Liberal. O principal beneficiado pela não veiculação do programa eleitoral que mostrava os resultados das recentes pesquisas foi o candidato Zenaldo.
        Há um rigoroso controle de qualidade nas afiliadas da TV Globo para que coisas bizarras como essa não aconteçam, pois geram processos contra a emissora. Então, como pode ter acontecido tão grosseiro “erro”?
        Há uma hipótese razoável: ferindo a legislação eleitoral a emissora passou informação privilegiada ao candidato adversário e acertaram o esquema de repetição do programa eleitoral do dia anterior. Para não chamar a atenção não poderiam “errar” apenas no nosso.
        Não temos como provar, mas que é possível que tenha sido isso, ah isso é! Ou então, o controle de qualidade da emissora entrou em colapso motivado pela constatação de que o candidato do grupo Liberal despencou sete pontos em cinco dias e vai perder as eleições.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

PETRALHAS - Trio ternura

MURAL – Queixas & Denúncias

ELEIÇÕES – Zenaldo, um Dudu sem prontuário

        Às vezes voluntarioso demais, ou autocrático em excesso, ou ainda auto-suficiente para além do limite que recomenda a prudência, sob certa perspectiva o deputado estadual Edmilson Rodrigues, do PSol, possivelmente não é o candidato dos sonhos para a Prefeitura de Belém. Mas inegavelmente ele desponta como a alternativa mais palatável, diante do cenário sob o qual se desenrola a sucessão do prefeito Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, um subproduto do laboratório de despautérios da tucanalha, a banda podre da tucanagem. Tucanalha de volta ao poder no Pará, com a eleição em 2010 do governador Simão Jatene, o Simão Preguiça, e que agora, repaginada, tenta manter-se na prefeitura da capital, dessa vez dispensando intermediários. Não por acaso a campanha do deputado federal Zenaldo Coutinho (foto, à dir., com o radialista Jefferson Lima), o candidato tucano na sucessão municipal, poupa o nefasto Dudu, a pretexto de uma postura supostamente propositiva, mas dele tenta se descolar, como se o PSDB não estivesse comprometido com uma das mais corruptas administrações da história de Belém.
        A diferença entre Zenaldo Coutinho e Duciomar Costa, em verdade, é de grau, não de nível. O candidato da hora da tucanalha desponta como uma versão sofisticada do nefasto Dudu e, por isso mesmo, soa bem mais periculoso. Filho de classe média, por suas próprias origens sociais o candidato tucano pode exibir predicados que faltam ao atual prefeito. Como capitalizar as eventuais vantagens por dispor do superior completo; manter um discurso infinitamente mais articulado e, por via de conseqüência, mais convincente; e ter aquela dose mínima de refinamento social, que fazem dele um interlocutor agradável. São qualidades cuja combinação acabaram por torná-lo um mestre na arte da dissimulação, da qual agora tanto se vale, apresentando-se como um agente das mudanças que Belém tanto reclama, com um cinismo capaz de corar anêmico, porque coonestou, com um silêncio cúmplice, os despautérios do nefasto Dudu.

ELEIÇÕES – O vagabundo de terno e gravata

        Nada mais emblemático do engodo representado por sua candidatura que a constatação de que Zenaldo Coutinho jamais teve um emprego, um mísero emprego que seja, tal qual todos nós, pobres mortais. Vereador de Belém, deputado estadual e deputado federal, o candidato do PSDB a prefeito de Belém, hoje com 51 anos, acaba por ser, ao fim e ao cabo, apenas um vagabundo. De terno e gravata, mas apenas e tão-somente um vagabundo. Jamais, nem furtivamente, ele soube o que fosse comprar o pão nosso de cada dia com o suor do próprio rosto. Suar a camisa, para ele, perdura sendo apenas uma imagem, uma metáfora recorrente, útil para iludir os eleitores incautos.
        Como confiar a um gigolô do erário, que vive da política, a administração de uma cidade como Belém, que padece de mazelas históricas e exibe uma população de 1.392.031, segundo o Censo 2010? Uma população, diga-se, já penalizada até a exaustão, nos últimos oito anos, pelo atual prefeito, Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, que a tucanalha, da qual faz parte Zenaldo Coutinho, tornou senador em 2002 e posteriormente, por dois mandatos consecutivos, em 2004 e 2008, prefeito de Belém. Protagonista de uma gestão calamitosa, pontuada por denúncias de corrupção, a despeito disso o nefasto Dudu jamais foi criticado publicamente pela tucanalha, por se tratar de um subproduto dela. Tanto quanto o próprio Zenaldo Coutinho.

ELEIÇÕES – As tramóias da tucanalha

        Não por acaso, a campanha de Zenaldo Coutinho, para prefeito de Belém, foi confiada a Orly Bezerra (foto, à esq., com o nefasto Dudu), o marketeiro da tucanalha, protagonista e beneficiário do colossal estelionato eleitoral que marcou os 12 anos de sucessivos governos no Pará. Exibindo a profundidade intelectual de um livro de auto-ajuda, mas exímio na arte da balela midiática, ao monopolizar a fatia do leão da publicidade do governo estadual, entre 1995 e 2006, ele tornou-se um novo-rico. Orly Bezerrateve como parceiro de tramóias o grupo de comunicação da família Maiorana, no qual se destacam a TV Liberal, afiliada da TV Globo, e O Liberal, o jornal que é o segundo em vendagem no Pará. De 1995 a 2006, as ORM, Organizações Romulo Maiorana, foram escandalosamente privilegiadas na partilha das verbas publicitárias.
        É dessa época o contrato - travestido de convênio para driblar a exigência de concorrência pública - entre a Funtelpa, a Fundação de Telecomunicações do Pará, e a TV Liberal. Pelo simulacro de convênio, celebrado em 1996 pelo então governador Almir Gabriel, a Funtelpa simplesmente pagava um aluguel mensal para a TV Liberal utilizar suas 78 repetidoras e, assim, levar sua programação para o interior do Estado. O “convênio” firmado entre a Funtelpa e a TV Liberal, celebrado ainda no primeiro mandato de Almir Gabriel como governador, rendeu aos cofres da emissora R$ 37 milhões ao longo de 10 anos, em valores ainda por atualizar. O último pagamento foi de R$ 467 mil. Diante da ruptura do simulacro de convênio, pelo governo da petista Ana Júlia Carepa, os irmãos Maiorana ingressaram na Justiça com uma ação reivindicando uma indenização de mais de R$ 3 milhões, a pretexto de suposta “manutenção” feita nas repetidoras da Funtelpa.
        Diante de todo esse imbróglio, Zenaldo Coutinho, sempre tão cioso de sua probidade e da exigência da austeridade por parte do gestor público, assistiu silente. Sem emitir um ai, sequer, diante da repulsiva lambança da tucanalha.
        Detalhe sórdido: em um dos seus derradeiros atos, ao fim de seu primeiro mandato, que se estendeu de 2003 a 2006, Simão Jatene renovou o repulsivo “convênio”, coadjuvado pelo então presidente da Funtelpa, Ney Messias, hoje secretário estadual de Comunicação. A lambança foi tornada sem efeito pela petista Ana Júlia Carepa, tão logo empossada como a primeira governadora eleita pelo voto direto da história do Pará.

ELEIÇÕES – Índices sociais pífios sepultam farsa

        Quando apresenta-se como o candidato das mudanças, Zenaldo Coutinho reprisa o estelionato eleitoral que se confunde com a ascensão da tucanalha no Pará. Ele reproduz, aparentemente por osmose, as balelas de seu atual patrono político, o governador tucano Simão Jatene (foto), o Simão Preguiça, patologicamente indolente e compulsivamente mentiroso. A farsa da tucanalha é sepultada pelos índices sociais pífios que o Pará exibe.
        Os 12 anos de sucessivos governos do PSDB no Pará foram marcados por índices sociais pífios e por uma política de austeridade salarial particularmente penosa para a grande massa de servidores públicos estadual. Nos oito anos de administração Almir Gabriel, eleito governador em 1994 e reeleito em 1998, a perda salarial média do funcionalismo público estadual chegou a 55%, de acordo com o Dieese, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Sócio-Econômicos. Um cenário que não se alterou no primeiro mandato do governador tucano Simão Jatene, de 2003 a 2006, um poste transformado em governador, no rastro de uma escandalosa utilização da máquina administrativa estadual, patrocinada por Almir Gabriel e coonestada por Zenaldo Coutinho.
        Ao mesmo tempo, o percentual de desemprego na população economicamente ativa no Pará, também de acordo com o mesmo Dieese, situava-se entre 16% e 18%. Segundo ainda o Dieese, 53,86% dos ocupados vivem hoje na faixa da pobreza, ganhando até, no máximo, dois salários mínimos. O Pará, que até 1994 tinha o terceiro melhor PIB, o Produto Interno Bruto, per capita da Amazônia, desabou para o quinto lugar, à frente apenas de Roraima e Tocantins, revelaram os insuspeitos números do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

ELEIÇÕES – Déficit habitacional e hospitalar

        Um estudo encomendado pela Secretaria de Política Urbana do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), intitulado “Déficit Habitacional do Brasil – 2000”, aponta que o Pará tinha, naquela altura, 233.622 famílias sem-teto, o que fazia o Estado concentrar 54% do déficit habitacional da região Norte. No que se refere ao nosso Estado, o estudo expõe números dramáticos, para dizer o mínimo. O mesmo estudo revelou que o Pará é o campeão da região Norte em domicílios rústicos e improvisados, tem mais de 12 mil famílias comprometendo até 30% da sua renda com alugueis e mais de 166 mil famílias vivendo em regime de coabitação familiar. No Pará, constatou o estudo encomendado pelo governo FHC, 17% dos domicílios são divididos por mais de uma família, o que representa o mais alto percentual de coabitação do País.
        Naquela altura o IBGE informou também que justamente na era Almir Gabriel, que é médico, o Pará – onde bebês morrem por falta de UTIs neonatal - passou a figurar entre os 12 Estados com déficit de leitos hospitalares. Dos 12 Estados com déficit de leitos, seis ficam no Norte (Amazonas, Pará, Amapá, Tocantins, Roraima e Rondônia), quatro no Nordeste (Ceará, Bahia, Sergipe e Alagoas), um no Sudeste (Espírito Santo) e um no Centro-Oeste (Distrito Federal).

ELEIÇÕES – O uso do nome de Deus em vão

        A destreza com que Zenaldo Coutinho administra a hipocrisia potencializa outra de suas mais vistosas qualidades, pelo menos para consumo externo, que é o aparente bom-tom. Ele é também daqueles que frequentemente utilizam o nome de Deus, como é próprio dos que se penitenciam de véspera pela perfidia a ser perpetrada no dia seguinte. O que é revelador do seu jaez.
        A propósito, convém recordar a lição legada pelo ex-presidente Tancredo Neves. “Religião e política não se misturam. Os homens públicos devem ser ecumênicos e econômicos na referência ao Criador, até porque muitos deles, no seu orgulho insano, quanto mais o citam, mais se julgam um rival de Deus”, advertiu Tancredo Neves, com a sabedoria própria de quem pavimentou o caminho de volta para a democracia sem maiores traumas, a despeito do vasto leque de adversidades.

domingo, 14 de outubro de 2012

LUIZ PINTO – O sonho materializado

MURAL – Queixas & Denúncias

CÍRIO – Pororoca de fé


Que a chama da fé nos ilumine na
luta por justiça social e paz.

CÍRIO – Nazaré é o melhor caminho

José Maria Leal Paes *

Hoje, a Senhora sabe, é domingo, o segundo de outubro de 2012.
E, nossos mortos também sabem, em outubro a montanha se move. 
A fé move a montanha de gente de todo jeito e lado da Terra.
No primeiro movimento, era setembro de 1793. Desde então,
quantas ceras fizeram, na procissão do tempo, este enorme Círio
- a soma de semoventes silenciosos ou murmurantes, os pés nus em brasa
em curtos quatro quilômetros da Catedral de Belém à Basílica de Nazaré?
Caldeirãode sorriso e lágrima, pato, jambu, maniçoba, tucupi,
sufoco, festa e fervor suplicante,
as mãos cozidas no sangue da Corda,
cordas vocais da prece miudinha, baixinha,
ou do grito forte e feliz dos promesseiros,
o Círio é um grito de salve:

-  salve-nos, Rainha ou Regina, das tentações da grana fácil
que corrompe a alma, rói o caráter, apodrece em vida a face.
Salve a nós próprios, a Pátria.  Salve o Brasil da política malsã
dos homens que degradam
e furtam do homem de bem
a esperança e o sonho da modernidade culta e socialmente justa.

O Brasil, Senhora, parece, enfim, querer enxergar,
pelos olhos cegos – e negros - da Justiça, o caminho,
o melhor caminho

*José Maria Leal Paes é advogado e jornalista.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

MENSALÃO - A casa caiu!!!

MURAL – Queixas & Denúncias

ELEIÇÃO – Edmilson e o poste endinheirado

        Como ampliar o leque de alianças, condição sine qua non para a vitória perseguida, sem abdicar dos princípios programáticos, supostamente inegociáveis? Este é o desafio que se coloca para o deputado estadual Edmilson Rodrigues (foto, com o microfone, discursando em um comício), eleito e reeleito prefeito de Belém em 1996 e 2000, respectivamente, quando ainda no PT, e que postula um novo mandato à frente do Palácio Antônio Lemos, agora pelo PSol. O PSol, recorde-se, foi o abrigo da dissidência que abandonou o PT quando o partido submergiu na sucessão de escândalos de corrupção que esfarinharam o discurso ético da legenda, ainda no primeiro mandato do ex-presidente Lula. O segundo turno da eleição para prefeito de Belém será disputado entre Edmilson Rodrigues, do PSol, que obteve 252.049 votos, o correspondente a 32,58% dos votos válidos, e o deputado federal Zenaldo Coutinho, do PSDB, que somou 237.252 votos, equivalentes a 30,67% dos votos válidos, o que faz dele um poste endinheirado.
        Como a política é a arte da concessão, mas nem por isso desobriga da dignidade, o cenário sob o qual se desenrola o segundo turno da eleição para prefeito de Belém revela-se adverso a Edmilson Rodrigues, pelo menos se ele efetivamente balizar sua candidatura por princípios éticos, sem maiores concessões. Zenaldo Coutinho, o candidato do PSDB a prefeito de Belém, que vive da política, sem jamais ter tido qualquer emprego, tem sua candidatura turbinada pelo apoio do governador tucano Simão Jatene, o Simão Preguiça, o que obviamente se traduz na utilização a seu favor da máquina administrativa estadual. O candidato tucano é mais receptivo a adesões de qualquer natureza, à margem daquele mínimo de pudor ético, porque o único princípio que em verdade cultiva é o da sobrevivência, como permite entrever sua biografia, que inclui, dentre outras estrepolias, o apoio ao atual prefeito de Belém, Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, no segundo turno da eleição municipal de 2000, do qual ficou alijado, apesar do brutal investimento feito em sua candidatura pelo então governador Almir Gabriel. Um fracasso que consolidou sua imagem de mala eleitoral, sem alça e nem rodinhas, em se tratando de disputas majoritárias.

ELEIÇÃO – Alepa, um capítulo à parte

        A administração de Zenaldo Coutinho (foto, à dir., com Simão Jatene) como presidente da Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará, se constitui em um capítulo à parte. O parlamentar tucano ficou a salvo da razia feita pelo Ministério Público Estadual, ao investigar as falcatruas sistêmicas registradas no Palácio Cabanagem, não porque faltassem indícios de malfeitos, mas porque, pelo tempo decorrido, os eventuais ilícitos já estavam prescritos. Na época, é verdade, as tramóias da máfia legislativa – que incluiam servidores fantasmas - ainda não tinham sido levadas ao paroxismo, mas já existiam e com elas o deputado tucano, então filiado ao PTB, conviveu silente, enquanto assim lhe foi conveniente. Foi Zenaldo Coutinho, convém recordar, que introduziu na Alepa Mônica Pinto, flagrada no epicentro dos escândalos de corrupção revelados pelo MPE. Mais grave foi ele lançar mão de recursos públicos para comprar a proteção de Silas Assis, já morto e que foi um escroque travestido de jornalista, que valia-se de um pasquim de tiragem reduzida, o Jornal Popular, para achacar gestores públicos.
        Nada mais ilustrativo da mediocridade de Zenaldo Coutinho como administrador que a lambança por ele protagonizada, como presidente da Alepa, envolvendo o jornalista Adenirson Lage, um cronista de amenidades, cuja relevância profissional é inversamente proporcional a sua colossal mediocridade intelectual. Hoje assinando uma coluna social no Amazônia Jornal, o tablóide popular do grupo de comunicação da família Maiorana, na época o jornalista foi introduzido no Palácio Cabanagem, como chefe do cerimonial, do qual entende tanto quanto um leigo de física quântica. Em troca de freqüentes aparições na coluna de amenidades que Adenirson Lage mantinha então em O Liberal, Zenaldo subordinou a assessoria de imprensa ao cerimonial do Palácio Cabanagem, uma aberração sem precedentes na história da Alepa, enfim corrigida na gestão do ex-deputado Domingos Juvenil (PMDB) como presidente da Assembleia Legislativa do Pará.

ELEIÇÃO – O gigolô do erário

        Nada mais comprometedor, para Zenaldo Coutinho, que a constatação de que estamos diante de um autêntico gigolô do erário. Aos 51 anos e exibindo o superior completo, a despeito disso o candidato tucano jamais teve um mísero emprego que fosse, como costuma ocorrer com os simples mortais. Político profissional, nada consegue credenciá-lo como administrador, e menos ainda como gestor de uma capital repleta de mazelas históricas, cujo maior desafio é, fatalmente, tentar compatibilizar o socialmente justo com o financeiramente possível, sem negligenciar a preocupação com o desenvolvimento sustentável.
        Depois das veleidades intelectuais da juventude, quando promovia saraus na casa dos pais, Zenaldo Coutinho migrou do movimento universitário, no qual se notabilizou pelo discurso à direita, para a política partidária, primeiro como vereador, depois como deputado estadual e hoje deputado federal. Sempre arrastando consigo a mãe, Helena Coutinho, já falecida, que exibia notórias dificuldades em lidar com idéias, limitação que tentava compensar com uma postura arrogante, na esteira da qual costumava administrar a coisa pública como uma extensão da cozinha da sua casa. Helena Coutinho enriqueceu o folclore da Alepa ao ter por hábito puxar um Pai Nosso antes de qualquer reunião de trabalho, em flagrante desrespeito aos que não compartilhavam da sua fé.
        Nos bastidores e em off, a versão corrente é de que, ao eleger-se deputado estadual, Zenaldo Coutinho, fascinado, não resistiu diante das benesses do poder. Ele teria abrigado em seu gabinete a própria irmã, sem que esta fosse vista no Palácio Cabanagem, embora embolsando regularmente seus vencimentos. Quando presidiu a Alepa, Zenaldo instalou, como chefe do Gabinete Civil, Helena Coutinho, cuja maior credencial, para ocupar o cargo, foi ser mãe do presidente da Assembleia Legislativa.