quinta-feira, 28 de março de 2013

MPE – Eleição para CNJ ilustra isolamento

        A eleição para escolha do representante do MPE no CNJ, o Conselho Nacional de Justiça, foi ilustrativa do isolamento de Manoel Santino Nascimento Júnior e de Ubiragilda Silva Pimentel, cujo recurso serviu de álibi para a lambança do procurador geral de Justiça interino. No pleito, o promotor de Justiça Militar Gilberto Valente Martins, atual conselheiro do CNJ, obteve 130 votos, contra 13 votos para o promotor de Justiça Aldir Viana e quatro votos para a procuradora de Justiça Ana Tereza do Socorro da Silva Abucater, estes dois últimos identificados como eleitores de Ubiragilda. O vexatório desempenho eleitoral de Aldir Viana e a humilhante votação de Ana Tereza do Socorro da Silva Abucater são emblemáticos da repercussão negativa do golpe protagonizado por Santino, do qual foi instrumento Ubiragilda, que inicialmente renunciou publicamente, ao direito de recorrer, tão logo encerrada a apuração, o que está registrada em ata. Por isso, o resultado da eleição foi proclamado tão logo concluída a apuração.
        O repúdio à tentativa de golpe tramada por Santino realçou o ocaso político. Por sua prepotência, potencializada por uma arrogância acima dos limites toleráveis, agravada por uma vaidade de contornos patológicos, que se expressa por um deslumbramento, mas sobretudo por seu arrivismo, ele é hoje rejeitado por vastos setores do MPE. Esse isolamento acabou agravado quando incursionou pela política, filiando-se ao PSDB, utilizando o Ministério Público Estadual como moeda de troca, o que elevou a sua taxa de rejeição, especialmente entre os promotores de Justiça. Ele foi feito secretário especial de Defesa Social no segundo mandato como governador de Almir Gabriel, recentemente falecido. A Santino são atribuídas as articulações políticas que salvaram Almir Gabriel de ser legalmente responsabilizado pela matança de Eldorado de Carajás, quando 19 sem-terra foram brutalmente mortos em um confronto com a Polícia Militar do Pará, em 17 de abril de 1996. Depois disso fracassou em sua tentativa de eleger-se deputado estadual, pela legenda tucana, mas ainda conservou poder de barganha para tornar desembargadora a mulher, Luzia Nadja Guimarães Nascimento, atual presidente do TJ Pará, o Tribunal de Justiça do Estado.
        Sobre Santino é dito que pretende ser um sucedâneo da procuradora de Justiça aposentada Marília Crespo, célebre pela postura autocrática e que, no alvorecer da redemocratização, comandou com mãos de ferro o Ministério Público do Pará, cujo prestígio consolidou na esteira de seus vínculos políticos com o hoje senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará. De notória escassez intelectual, Santino despontou como áulico de Marília e, ao sucedê-la, cumpriu o script clássico da criatura que se volta contra o criador, como é próprio dos arrivistas. “Ocorre que os tempos são outros”, lembra um arguto observador, recordando que Marília Crespo floresceu sob o calor do entulho autoritário, quando a sociedade brasileira ainda convalescia dos 21 anos de ditadura militar e pelo menos legitimou com o voto popular sua pretensão político-partidária, elegendo-se vereadora de Belém pelo PMDB. De lá para cá a sociedade avançou nas conquistas democráticas e a democracia brasileira segue consolidando-se, apesar dos eventuais percalços, e todas essas mudanças foram sendo incorporadas pelo Ministério Público, que firmou-se como guardião da ordem democrática e dos princípios que pavimentam o pleno exercício da cidadania. Santino, nesse cenário, é um personagem algo patético, que parece ter assumido como verdade a relevância que, em sua vaidade insana, se confere. Nessa altura, mais do que nunca, trata-se de um bufão, que protagoniza uma comédia de gosto duvidoso.

3 comentários :

Anônimo disse...

Pode até ser competente, mas quando gilberto valente trabalhou no mp, no geproc, era auxiliado por um investigador civil que respondia agressão pela lei maria da penha, e nada fez, apesar de ter conhecimento. Diziam que o investigador arrecadava muito bem.

Anônimo disse...

Bom dia Barata. Parabens pela riqueza de detalhes insertas em poucas palavras em seu texto sobre esta figura NEFASTA E ABJETA que é MANOEL SANTINO que fez tanto mal não somente ao MP mas para a toda a SOCIEDADE PARAENSE!

Anônimo disse...

já tinha ouvido falar deste caso prezsdo baratinha , parece que o homem nao e tão puro assim !!!