terça-feira, 18 de junho de 2013

PROTESTO - Campanha da Fiat vira hino



DIA KAROLINA BELO *

        A campanha da Fiat “Vem pra Rua”, como o nome já sugere, convoca uma mobilização do público para torcer pela Seleção Brasileira de futebol. Pelo menos este é o mote do filme criado pela Agência Fiat/ AgênciaClick Isobar e Leo Burnett Tailor Made.
        Acontece que o refrão da campanha, cantado pela banda Rappa, ganhou um tom militante e virou o hino das manifestações, principalmente em São Paulo, contra o aumento da tarifa do transporte público: “Vem pra rua porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”.
        A música foi liberada na internet, para ser compartilhada gratuitamente, e o clipe ganhou uma releitura do público, com uma edição que exibe imagens marcantes da manifestação. Geralmente a propaganda se utiliza dos costumes e culturas populares, mas nesse caso, ironicamente, a ordem dos fatos foi invertida.
        “Vivemos uma era muito estranha, daquelas que muitas teorias caducaram e já não cabem mais. Tudo precisa ser revisto. É curioso ver como uma propaganda ‘alienante’ pode se tornar um hino de ‘conscientização’. É a mais pura apropriação ‘anarquizante’ dos recursos imagéticos. O título ‘Vem pra Rua’ não poderia ser mais propício, não?”, comenta o comunicador e professor universitário Anderson Gurgel.
        A julgar pelos comentários na página da Fiat no Facebook, a reação do público tem saldo positivo para a marca, que levantou uma bandeira e caiu de paraquedas em outra. Sorte ou azar? Os responsáveis pela campanha estão todos em Cannes, segundo a assessoria de imprensa da Fiat, e não puderam comentar a repercussão do vídeo.
        Geralmente grandes campanhas nasceram da interpretação criativa de culturas e costumes populares. E na era da internet, onde as coisas acontecem com muita velocidade, a propaganda costuma utilizar fatos recentes de domínio público, e transformá-los numa mensagem para promover as marcas, é o chamado “anúncio de oportunidade”.
        Alguns chavões em evidência, ou “hashtags” de ocasião, também são utilizados para campanhas maiores. É o caso da propaganda “Imagina a festa”, da Brahma, criada pela agência Africa.
        Curioso notar essa inversão de valores - uma manifestação utilizando a propaganda e não o contrário - e perceber que as marcas precisam, cada vez mais, se reinventar e estudar muito o comportamento de seu público, sobretudo no ambiente das novas mídias.

Fonte: ADNEWS

PS. Gente, não sei se a Fiat se deu mal ou se deu muito bem.... mas o fato é que o Falcão só pode ser um guru, porque caiu como uma luva. Se tivesse sido planejado, não teria dado tão certo...


* Ana Karolina Belo é formada em Comunicação Social, com especialidade em publicidade e propaganda, pela UFPA, a Universidade Federal do Pará, e atualmente cursa Secretariado Executivo Trilingue na UEPA, a Universidade do Estado do Pará.

5 comentários :

Anônimo disse...

Uma forma nova,que se utiliza da própria linguagem da propaganda para seus fins, manifesta-se essa insatisfação difusa com a representatividade dos partidos políticos e seu discurso promesseiro para após as eleições partirem para seus conchavos e troca de favores. Isso é para mostrar que não somos alienados apaixonados por futebol,cerveja, baladas e sim seres pensantes que se comunicam e mobilizam multidôes. Somos um povo maior que esses políticos e lideres de classe aproveitadores!

Anônimo disse...

O movimento de onde eclodiu estas manifestações é o "passe livre", que entre outras coisas prega uma mobilidade urbana mais cidadã através de uma política de trasporte público de qualidade(justíssimo),mas o hino do movimento é de uma empresa da indústria automobilistica que despeja carros nas ruas congestionando o trânsito e patrocinadora da copa do mundo. E não vem ninguém dizer que a questão é linguística, semântca ou de sentidos.

Anônimo disse...

Excelente análise. Parabéns!

Anônimo disse...

Excelente análise e linda a analista.

Anônimo disse...

1992: Os caras pintadas saíram as ruas e vangloriam-se de ter derrubado COLLOR DE MELLO....a pergunta: ele foi preso? Devolveu algum tostão para os cofres públicos, a família dele faliu? Ah... não ....ele hoje é SENADOR DA REPUBLICA!!!! O carinha (Lindeberg Farias) que na época comandou os cara pintadas hoje dividi o balanque do senado com COLLOR.
2013: A classe média que tem smartphones e acesso a internet Combinar pelo FACEBOOK E sai a rua pra 1º pedir redução da tarifa. Depois para pedir não a PEC 37, não a corrupção, não cura gay, não ao não. Daqui a 20 anos, veremos os lideres desse movimento tomando cafezinho no congresso nacional com os herdeiros políticos do Alckim, Jader, José Dirceu e outros.