quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PSM – Omissão no limite da cumplicidade

        O episódio do caos instalado no PSM da travessa 14 de Março, o maior de Belém, é emblemático do sucateamento da saúde pública municipal, agravado na atual gestão. Trata-se de um desastre anunciado, materializado sem que o Ministério Público Estadual conseguisse superar sua postura letárgica, em uma omissão no limite da cumplicidade. Os indícios da crise por vir despontaram claramente, quando em menos de oito meses de administração o prefeito Zenaldo Coutinho teve três secretários de Saúde – Joaquim Ramos, Yuji Ikuta e Maria Selma Silva. Os dois ex-secretários, Joaquim Ramos e Yuji Ikuta, pediram exoneração, em caráter irrevogável e irretratável, queixando-se, intramuros, do imobilismo do prefeito, descrito como refém de conveniências político-eleitorais, além de queixas sobre boicotes orquestrados por auxiliares da confiança de Zenaldo Coutinho. Sabe-se, por exemplo, que a Ramos soou intolerável conviver com um escancarado nicho de corrupção no almoxarifado da Sesma, a Secretaria Municipal de Saúde, enquanto Zenaldo Coutinho recalcitrava em deflagrar um expurgo, sugerindo reproduzir o caso clássico do gestor que mira, prioritariamente, em reverter em benefício próprio o esquema de falcatruas de seu predecessor. A Yuji Ikuta, que foi o auxiliar da mais absoluta confiança de Ramos na passagem deste pela Sesma, faltou o cacife exigido pelo cargo, na esteira do parco prestigio, como é próprio de jovens profissionais ainda em ascensão.
        A tudo isso o Ministério Público assistiu silente, aparentemente enredado pelo proselitismo de Zenaldo Coutinho e sua entourage. E indiferente ao aparelhamento insano da máquina administrativa municipal, em escala só comparável a promovida pelo seu aliado e antecessor, o ex-prefeito Duciomar Costa, o nefasto Dudu, protagonista de uma administração pontuada por malfeitos. É lícito, naturalmente, que os vencedores administrem com os seus. Inaceitável é privilegiar critérios político-eleitorais em cargos que exigem qualificação técnica, tal qual ocorre com o prefeito de Belém. De resto, como ilustra o caso do médico Joaquim Ramos, é inocultável a aversão de Zenaldo Coutinho por auxiliares competentes e com luz própria, e por isso a uma distância do figurino de subserviência necessária para o atual prefeito e sua tropa de choque perpetrarem as suas estrepolias.

2 comentários :

Anônimo disse...

A omissão do MP não é só na saúde municipal. A saúde estadual também está um caos e o MP nada faz e essa omissão tem permitido que vidas sejam ceifadas.

Bicolor disse...

Resumindo, Dudu abriu o cofre, e profissionalizou e institucionalizou o propinoduto de desvio de $$ da saúde para o seu próprio Bolso. Zenaldo assumindo, só trocou o porteiro do cofre, e manteve a hemorragia do erário, só atualizando o destino $$, agora pro seu próprio bolso. Fingiu colocar médicos sérios para estancar e evitar a morte da saúde municipal, mas a estes coitados só deu bandaid para operar uma artéria dilacerada, enquanto os DAS da Sesma seguem nandando no desvio da verba que compraria agulha e linha de sutura. Que beleza.