sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

IMPROBIDADE – Ronaldo e as recorrentes suspeitas

        Esta é, certamente, a primeira vez que Ronaldo Passarinho Pinto de Souza é posto, formalmente, sob a suspeita de improbidade administrativa. Formalmente, diga-se, porque nos bastidores trata-se de uma suspeita recorrente. Ao prestígio do ilustre tio, o coronel Jarbas Passarinho – ex-governador do Pará, ex-senador e ministro de Estado de governos da ditadura militar e do presidente Fernando Collor –, atribui-se Ronaldo Passarinho Pinto de Souza ter seguido incólume, em sua carreira política, a despeito das restrições a ele feitas, por tê-lo como suspeito de corrupção, pelo temível e implacável SNI, o Serviço Nacional de Informações, do qual é sucedânea legal, já dentro dos marcos do regime democrático, a Abin, a Agência Brasileira de Inteligência.
        Ao SNI cabia, prioritariamente, espionar os adversários, assumidos ou em potencial, da ditadura militar, mas também rastrear os quadros do próprio regime dos generais. Seus vetos, determinados por suspeitas de subversão e/ou corrupção, costumavam ter a força de um interdito proibitório, como pôde constatar o próprio Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, no início da década de 70 do século passado, quando foi anunciado como secretário de Governo de Fernando Guilhon, um homem inquestionavelmente honesto, ungido governador do Pará com o aval de Jarbas Passarinho. Nem o prestígio de Jarbas Passarinho conseguiu colocar abaixo o veto imposto pelo SNI, obrigando Ronaldo Passarinho Pinto de Souza a um mise-em-scène, para não tisnar a imagem do tio ilustre e a sua própria imagem. Assim, para consumo externo, supostos problemas neurológicos obrigaram Ronaldo a abdicar da indicação de secretário de Estado.

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