sexta-feira, 8 de maio de 2015

REMO – Investir na base, necessidade esquecida

Pedro Minowa: diante da necessidade de voltar os olhos para as bases.

Caso Pedro Minowa efetivamente pretenda se redimir dos tropeços que pontuaram o início da sua administração como presidente do Remo, para além de investir racionalmente no time que disputará a série D do Campeonato Brasileiro, deveria voltar seus olhos para o futebol de base. É neste que reside a alternativa mais viável, principalmente financeiramente, para o clube azulino escapar da rotina de fracassos recorrentes, embora seja historicamente tratado com um desdém criminoso pela cartolagem. Se assim fizer, mais do que o primeiro presidente do clube eleito pelo voto direto dos sócios, Minowa passará para história como o primeiro presidente a pavimentar o caminho para introduzir o Remo na modernidade do futebol e resgatar as glórias das décadas de 70 e 80 do século XX, quando o Leão Azul chegou a fazer parte da elite do futebol brasileiro, com times que mesclavam jovens talentos de fora com craques revelados pelo próprio futebol paraense.
O descaso para com as divisões de base, por parte da cartolagem azulina, evidenciou-se em um patético episódio ocorrido na Copa do Brasil Sub-20 de 2014, quando era presidente do Remo o ex-vereador Zeca Pirão. Após conquistar a Copa Norte da categoria, o Leãozinho, como foi etiquetada a equipe remista, fez uma surpreendente campanha na Copa Brasil Sub-20, eliminando favoritos, inclusive o Vitória, da Bahia, campeão da competição em 2013. Bastaram as primeiras vitórias para a massa azulina passar a lotar o Mangueirão, proporcionando rendas dignas daquelas oferecidas pelo time profissional quando em alta. O volume de dinheiro arrecado serviu, inclusive, para saldar a folha de pagamento do time profissional. Foi nesse rastro de triunfos e dinheiro que escancarou-se, cristalina, sem disfarces, a mediocridade da cartolagem. No jogo diante do Flamengo, do Rio, em pleno Mangueirão, um jovem jogador do Remo contundiu-se. Para pasmo dos presentes, no banco azulino não havia sequer médico! O atleta azulino foi atendido pelo médico do clube carioca. Precisa dizer mais alguma coisa?
Há outro episódio, também em passado recente, emblemático da irresponsabilidade dolosa da cartolagem remista em relação aos jogadores de base. Como os salários dos jogadores sub-20 estavam atrasados, um grupo de torcedores azulinos do Ministério Público Estadual, que incluiu procuradores e promotores de Justiça, fizeram uma coleta, para quitar a folha de pagamento, que não chegava a R$ 20 mil, salvo engano o valor que rendeu a vaquinha. O dinheiro arrecadado, que daria para pagar os jovens atletas e deixar ainda um saldo de caixa, foi formalmente doado ao clube, com a emissão do respectivo recibo comprovando a doação. Mas o dinheiro arrecadado teve parte criminosamente desviada para outros fins e os jogadores do sub-20 só receberam metade do que lhes devia o clube. É mole ou quer mais?

Coibir esses desvios delituosos é um dos desafios que cabe a Pedro Minowa, se de fato comprometido em assumir as responsabilidades do cargo de presidente de um dos maiores clubes de massa da Amazônia e do Brasil, com o detalhe histórico de ter sido eleito pelo voto direto dos associados. Não lhe restam maiores alternativas. É isso, ou ter como destino a vala comum dos cartolas que facilmente se enquadram, por ato ou omissão, em artigos do Código Penal.

Nenhum comentário :