quinta-feira, 19 de novembro de 2015

MPE – As lambanças do Napoleão de Hospício

Para além das gavetas do procurador-geral de Justiça, se dispuser de tempo para ter interlocutores minimamente probos e isentos, sem rabo preso, Cláudio Portela, que comanda a correição realizada pelo CNMP no MPE, poderá tomar conhecimento da extensão do caráter deletério da gestão de Marcos Antônio Ferreira das Neves. Constatará, inclusive pelas provas documentais, que a alcunha de Napoleão de Hospício, que aderiu a Neves, deriva do menosprezo do procurador-geral de Justiça pela liturgia do cargo, potencializado pelo desdém em relação a princípios éticos que independem das circunstâncias.

Como é próprio dos tiranetes de província, Neves não resiste diante da deletéria promiscuidade entre o público e o privado, como ilustra o imbróglio de André Ricardo Otoni Vieira. Mas este não foi o único beneficiário do tráfico de influência patrocinado pelo procurador-geral de Justiça. Tão logo empossado, ele nomeou assessor o namorado da filha, Gil Henrique Mendonça Farias, reprovado em mais de um concurso público promovido pelo próprio MPE, mas que perdura abrigado em um aprazível cargo comissionado, como assessor, apesar da duvidosa competência. Depois, aboletou na Prefeitura de Ananindeua a filha, Mariana Silva Neves, logo após a posse do prefeito tucano Manoel Pioneiro, a quem o MPE investigava por malfeitos quando presidente da Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará. Mais recentemente, fez a filha migrar para uma aprazível sinecura no TCE, o Tribunal de Contas do Estado do Pará, objeto de recorrentes denúncias de improbidade administrativa, que caberiam ao MPE apurar.

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