sábado, 9 de abril de 2016

HISTÓRIA – Disputa pavimenta ascensão de Jader

Já governador, Jader Barbalho, sentado, ao lado de Tancredo Neves;
em pé, Ulysses Guimarães e Fernando Henrique Cardoso: prestígio.

Jader Barbalho, diga-se, elegeu-se governador do Pará, em 1982, com o decisivo apoio de Alacid Nunes, que rompera com o Palácio do Planalto, ao não honrar o compromisso – assumido ao ser ungido governador pela segunda vez, em 1978 – de acatar como sucessor um nome a ser indicado por Jarbas Passarinho. Em contraposição aos cargos e verbas federais, que turbinavam os candidatos do governo do general-presidente Joâo Figueiredo Brasília, Alacid valeu-se da máquina administrativa estadual para anabolizar a candidatura de Jader Barbalho. Disso também resultou a vitória de Jader sobre o empresário Oziel Carneiro, candidato ao governo pelo PDS, Partido Democrático Social, sucedâneo da Arena, a Aliança Renovadora Nacional, como legenda de sustentação do regime dos generais. Ao eleitorado cativo da ooposição somaram-se os dissidentes do PDS, com seu respeitável acervo de votos. Eleito, pela juventude e carisma Jader logo ganhou visibilidade nacional, inclusive pela intimidade com a caciquia peemedebista, que incluía Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso, participando ativamente das articulações da Nova República, o nome de fantasia da redemocratização do Brasil. Todo esse capital político acabou esfarinhado com a pecha de corrupto que a ele aderiu, no rastro de uma súbita evolução patrimonial e da permissividade que marcou seu primeiro mandato como governador, em um estigma agravado pela associação do seu nome aos escândalos do Banpará, o Banco do Estado do Pará, e da Sudam, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Mesmo estigmatizado pela grande imprensa brasileira, e por isso operando nos bastidores, ele é hoje senador e reconhecido como um hábil articulador político no Congresso Nacional. No plano local, Jader consolidou o status de morubixaba do PMDB no Pará e tornou-se a a mais longeva liderança política da história do estado, em uma carreira iniciada em 1966, como vereador de Belém, pelo MDB, o Movimento Democrático Brasileiro, do qual é sucedâneo o PMDB.

Por respeito à história, convém traçar um perfil minimamente isento de Oziel Carneiro, o adversário de Jader Barbalho em 1982. Um bem-sucedido empresário, projetado para a política partidária na esteira do poder do grupo econômico da família, Pedro Carneiro S/A Indústria e Comércio, ele notabilizou-se não só pela probidade pessoal, como por se constituir em um quadro político atípico para os padrões do regime militar. Presidente do Banco da Amazônia, recusou-se a marginalizar os funcionários estigmatizados como comunistas, segundo o depoimento insuspeito do cientista político Roberto Corrêa, cuja biografia inclui uma longa militância no PCB, o Partido Comunista Brasileiro, o histórico Partidão, desfigurado após o racha que originou o PPS, o Partido Popular Socialista. O testemunho de Roberto Corrêa sobre Oziel Carneiro, em entrevista ao Blog do Barata, é definitivo: “(...) uma figura honesta e democrática que aparece nos dossiês do SNI como tolerante com a ‘infiltração comunista no Basa’, onde foi presidente, tendo por assessores conhecidos militantes comunistas”.

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