O que torna
algo singular a bem-sucedida trajetória de Ronaldo Passarinho é ter ele
conseguido permanecer incólume diante das restrições feitas – sob as acusações
de corrupção e tráfico de influência – pelo temível e implacável SNI, o Serviço
Nacional de Informação da ditadura militar, que o Blog
do Barata, com exclusividade, tornou públicas, com base em
documentos disponibilizados pelo Arquivo Nacional de Brasília. Liberadas para consulta pública, as anotações do SNI sobre Ronaldo Passarinho são implacáveis
e devastadoras, o que explica o porquê ter sido frustrada sua nomeação como
secretário de Governo do recém-empossado governador Fernando Guilhon, cuja
indicação teve como avalista justamente Jarbas Passarinho, o seu ilustre tio, que
se notabilizou como paradigma de probidade pessoal.
A blindagem
da qual se beneficiou Ronaldo Passarinho certamente se deve ao status de
sobrinho dileto e fiel escudeiro do coronel Jarbas Passarinho, uma das
lideranças reveladas pelo golpe militar de 1º de abril de 1964, corolário de
uma polarização que dividiu o Brasil na época, diante da suposta ameaça
comunista, estimulada pelo discurso belicoso das esquerdas e da postura tíbia
do presidente João Goulart, o Jango. O golpe pavimentou a sinistra ditadura
militar, só sepultada 21 anos depois, com a eleição no colégio eleitoral de
Tancredo Neves (PMDB), primeiro presidente civil após o regime dos generais,
que morreu sem ser empossado. Em lugar de Tancredo assumiu seu vice, José
Sarney, cuja ascensão política ironicamente ocorreu durante o regime dos
generais, em cujo ocaso se tornou dissidente. A condição de sobrinho dileto e
fiel escudeiro do prestigiado tio certamente explica Ronaldo ter sobrevivido
politicamente diante das recorrentes acusações de corrupção e tráfico de
influência registradas pelo SNI, fonte dos implacáveis interditos proibitórios
impostos pela ditadura militar, sob a qual ele fez carreira e a qual sempre
defendeu veementemente.
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