sexta-feira, 5 de agosto de 2016

ELEIÇÕES – Postura imperial

Como prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues protagonizou uma administração voltada prioritariamente para a população carente, reconhecidamente comprometida com um zelo mínimo pela cidade, mas pontuada por uma postura algo imperial, além de um tom ufanista, próprio de quem pretende apagar da história as realizações de seus predecessores. Boicotado pelo governador tucano Almir Gabriel, um típico tiranete de província, a ele se igualou, sempre que contrariado por quem ousasse questionar suas determinações. Por vezes resvalando para a intolerância caudilhesca, certa vez realocou para outro órgão, com prejuízos salariais, um médico do PSM da 14 de Março que cobrava o conserto de um aparelho indispensável para a segurança dos pacientes submetidos a cirurgias oftalmológicas. Da mesma forma, não pestanejou um valer-se da truculência da Guarda Municipal para rechaçar as investidas dos setores mais sectários dos movimentos sociais, estimulados pelos radicais abrigados no PT, que fustigavam a Força Socialista, tendência na qual militava o prefeito.
Ganhou notoriedade, na época, a turbulenta relação de Edmilson com sua vice, Ana Júlia Carepa. Em uma breve interinidade, Ana Júlia, perfidamente, fez aprovar a extinção do laudêmio, que Edmilson relutava em extinguir. Foi aí que deu-se o rompimento entre os dois, a partir do qual Edmilson passou a retaliá-la, inclusive de uma forma inescrupulosa, que nada dignificou a biografia política do ex-prefeito.
Rompida com Edmilson, que passou a dispensar-lhe um tratamento humilhante, consta que Ana Júlia, na mutação própria dos arrivistas, deixou os supostos princípios de lado e esteve muito próxima de abandonar o PT, migrando para o PDT, que integrava a coalizão de partidos “União pelo Pará”, comandada pelo PSDB. As conversações não teriam prosperado porque o então governador Almir Gabriel teria descartado a possibilidade de Ana Júlia ser ungida, antecipadamente, a candidata da “União pelo Pará” à prefeitura de Belém, nas eleições municipais de 2000.

Depois disso, Ana Júlia optou por permanecer no PT. Assim, elegeu-se vereadora por Belém, em 2000, com uma votação histórica, para em 2002 tornar-se a primeira senadora eleita da história do Pará. Em 2004 disputou a Prefeitura de Belém, quando foi derrotada por Duciomar Costa (PTB), a versão de R$ 1,99 da tucanalha, a banda podre do PSDB, apesar do sincero empenho de Edmilson em eleger seu sucessor, insuficiente para fazer frente ao escandaloso uso da máquina administrativa estadual, posta a serviço do nefasto Dudu. Em 2006, ela teve como avalista e estrategista político o ex-governador Jader Barbalho, o manda-chuva do PMDB no Pará, essencial para a vitória da ex-senadora petista sobre o ex-governador tucano Almir Gabriel.

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