segunda-feira, 21 de agosto de 2017

MPE – Discurso falacioso

Neves (à dir.): poupado por Medrado (ao lado), apesar dos malfeitos.

O discurso do procurador de Justiça Nelson Medrado, diante da exoneração da função de coordenador do Núcleo de Combate à Improbidade Administrativa e Corrupção, soa fatalmente falacioso. Ele insiste em omitir o erro crasso no qual incorreu, ao ajuizar uma ação contra o governador sem a indispensável delegação de poderes para tanto, o que deu motivo a representação de Jatene junto ao CNMP. Graciosamente, também insiste em poupar o ex-procurador-geral de Justiça, Marcos Antônio Ferreira das Neves, o que antes fazia a pretexto de que dele dependia para defender-se no PAD ao qual responde, conforme chegou a alegar em conversas reservadas, nas quais, a se concluir de sua postura, dissimulava reconhecer os desvios de caráter daquele ao qual presta-se a ser fiel escudeiro. Essa complacência, no limite da cumplicidade, já era possível entrever, é verdade, na condescendência de Medrado diante da calamitosa administração de Neves como procurador-geral, pontuada por denúncias de patrimonialismo e falcatruas (Ler aqui). Confrontado com algumas delas, ele manteve-se inexplicavelmente omisso.
Essa comprometedora fidelidade de Medrado a Neves assumiu, mais de uma vez, contornos patéticos, para dizer o mínimo. Em entrevista à TV Liberal (Veja aqui), em 7 de abril passado, Medrado permitiu-se a desfaçatez de argumentar que , no entendimento de Neves, a autorização de Santino contida nos autos – para investigar e não processar o Jatene, repita-se – seria suficiente. Neves, repita-se, teve pelo menos três oportunidades para manifestar-se, mas optou por se manter silente. Primeiramente, quando foi convidado a se manifestar nos autos pela juíza Kátia Parente Sena, e não o fez. Depois, quando recebeu a representação do governador Simão Jatene contra Medrado e Brasil, e calado permaneceu. Finalmente, manteve-se igualmente silente quando foi instaurado o PAD contra Medrado e Brasil. Neves, vale lembrar, destacou-se como um aliado servil de Jatene, assumindo a postura de boy qualificado do governador tucano, postura que só abandonou na undécima hora da sua gestão, quando teve seus interesses contrariados.
Na última sexta-feira, 18, em outra entrevista a TV Liberal (Veja aqui), Medrado voltou a tisnar sua biografia, ao revelar que, ouvido como testemunha de defesa no PAD, Neves teria declarado que não sentiu sua autoridade usurpada, o que soa gracioso. A usurpação de poderes é tipificada em lei e não depende de sentimentos pessoais, como bem sabe o procurador de Justiça exonerado, cuja competência e experiência não comportam entendimento tão tosco, só compatível com o cinismo do ex-procurador-geral de Justiça, também notabilizado por ser intelectualmente raso.

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